O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não conseguiu segurar a onda de notícias falsas nas eleições deste ano. A avaliação interna dos ministros da Corte é que a guerra contra as fake news foi perdida. Esse cenário ficou evidente com a quantidade de notícias inverídicas que circularam no último dia 7, quando 117 milhões de brasileiros foram às urnas no primeio turno de votação. Uma videoconferência realizada ontem com representantes do WhatsApp revelou que a situação é ainda mais séria, pois os dirigentes do aplicativo disseram que não é possível controlar as mensagens que circulam entre os usuários.
A boataria que se espalha na rede atingiu até a presidente do Tribunal, ministra Rosa Weber. Em uma mensagem enviada à Corte por meio de uma rede social, um internauta afirma que o candidato “Jair Bolsonaro já está eleito” e que haverá reações se isso não se confirmar no resultado da apuração. “Espero que a senhora fique de olho. E só um aviso, com todo respeito”, diz um trecho da mensagem. A Polícia Federal vai abrir inquérito para investigar o caso.
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TSE adia reunião sobre fake news com PT e PSL após pedido da campanha de BolsonaroA 12 dias das eleições, conselho de fake news do TSE se reúne com WhatsAppTSE faz ofensiva contra fake newsEleitor que não compareceu ao primeiro turno deve votar no segundo, afirma TRE Aplicativo avaliará sugestões para combater fake newsTSE reúne hoje equipes de Bolsonaro e Haddad para discutir fake news'Checagem no WhatsApp pode melhorar', diz vice-procurador-geral eleitoralO aplicativo WhatsApp é o preferido de quem cria ou repassa informações inverídicas relacionadas à política. Ontem, após a videoconferência entre integrantes do Conselho Consultivo do TSE e representantes da empresa, o vice-procurador-geral eleitoral, Humberto Medeiros, falou da impossibilidade de combater, principalmente, as informações compartilhadas pelo aplicativo. “Eles se propuseram a oferecer para o TSE algumas ferramentas que não estão disponíveis ao usuário. Mas disseram que o sigilo das mensagens compartilhadas entre os usuários é tão sagrado que nem mesmo eles têm acesso. A própria configuração do WhatsApp torna difícil implantar outras ferramentas usadas em outras redes sociais, como a checagem dos fatos”, disse.
Professor e pesquisador em comunicação da Universidade Federal de Santa Catarina, Nilson Lage diz que o fenômeno das fake news tem afetado todos os países.
Lage, no entanto, acredita que o Judiciário brasileiro tem sido omisso no combate às notícias falsas. Para ele, quando interfere, o TSE atua no sentido de retirar conteúdo de todos os lados para se mostrar imparcial. “O TSE havia anunciado uma campanha contra as fake news, mas não fez nada. Tem se mantido omisso. A interferência dele, quando ocorre, é pontual”, critica o estudioso.
Para o professor, há uma cumplicidade em lidar com as notícias falsas de toda a sociedade. Assim, parece que o Estado não sabe como lidar com a situação.