O candidato do PSL ao Planalto, Jair Bolsonaro, é um nome da direita e "tem visões repulsivas", afirma editorial publicado nesta segunda-feira, 22, pelo jornal norte-americano The New York Times.
A publicação, intitulada de "Escolha triste do Brasil", relembra falas duras do capitão da reserva contra homossexuais, negros e mulheres. "Ele é nostálgico dos generais e torturadores que governaram o Brasil por 20 anos. No próximo domingo, na segunda rodada de votação, Bolsonaro provavelmente será eleito presidente do Brasil".
A publicação norte-americana também destaca, "sem surpresa", o fato de Bolsonaro ser comparado com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e diz que o capitão do exército é "um risco à democracia".
O NYT contextualizou a ascensão de Bolsonaro com a crise econômica, o impeachment da petista Dilma Rousseff e as investigações que mergulharam políticos em escândalos de corrupção e levaram nomes de peso para a prisão, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Contra esse pano de fundo, as opiniões grosseiras de Bolsonaro são interpretadas como franqueza (...) Cristão evangélico, ele prega uma mistura de conservadorismo social e liberalismo econômico, embora confesse apenas uma compreensão superficial da economia", acrescenta o jornal.
Recentes falas de Bolsonaro contrárias às leis ambientais também foram relembradas. Segundo o jornal, assim que ele for eleito, um dos maiores perdedores será a Amazônia.
"Bolsonaro prometeu desfazer muitas das proteções para as florestas tropicais para abrir mais terras para o poderoso agronegócio brasileiro. Ele levantou a perspectiva de se retirar do acordo climático de Paris, de desmantelar o Ministério do Meio Ambiente e impedir a criação de reservas indígenas - tudo isso em um país até recentemente elogiado por sua liderança na proteção do meio ambiente", diz a reportagem.
O "anti-PT" foi apontado também como um empecilho para o adversário de Bolsonaro, Fernando Haddad, que, mesmo após ter sobrevivido ao segundo turno, não conseguiu retirar a imagem negativa que parcela da sociedade tem do Partido dos Trabalhadores.
"A escolha é para brasileiros fazerem. Mas é um dia triste para a democracia quando a desordem e o desapontamento levam os eleitores à distração e abrem as portas para populistas ofensivos, cruéis e teimosos", finaliza o jornal.