A votação popular dá ao presidente da República, no começo do mandato, força para aprovar medidas com mais facilidade. O tempo de duração dessa lua de mel com o Legislativo, porém, depende do perfil do governo eleito. É com esse argumento que especialistas acreditam que reformas — como a da Previdência — podem ser aprovadas no próximo ano. Mesmo assim, será necessária uma negociação eficiente no Congresso.
Leia Mais
Na reta final da campanha, confira prazos para propaganda e atos políticosPF deflagra operação contra crimes eleitorais nas redes sociaisPresidente do PSL já fala em equipe de transição de Bolsonaro"Se não está conseguindo falar a língua do povo vai perder mesmo", diz Mano Brown sobre estratégia eleitoral do PTHaddad precisa conseguir 1,5 milhão de votos por dia para vencer a eleiçãoMedidas impopulares, como a reforma da Previdência, fracassada no governo Temer, têm mais chances de serem aprovadas por um presidente recém-eleito. “Elas precisam de grande força do Executivo, e o primeiro semestre é o período de maior prestígio. É o momento ideal”, explica Lavareda.
A tramitação das primeiras propostas do presidente eleito definirá o tamanho do apoio congressual.
Contudo, o poder emanado do voto tende a diminuir no segundo semestre, quando “novos fatos” e circunstâncias se fazem presentes. O pesquisador lembra que no ano subsequente à posse, parte expressiva do Legislativo passa a se preocupar com a eleição municipal. “No primeiro semestre de 2019, os políticos vão estar olhando o que aconteceu nas eleições de 2018. No fim do ano, estarão atentos ao ano seguinte.”
Para a cientista política Andréa Marcondes de Freitas, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), os primeiros 100 dias são essenciais para o novo presidente. Isso não significa, porém, que não exijam esforços no Congresso. “Tem uma certa legitimidade que sai das urnas, mas tem muita negociação também.
A pesquisadora lembra que, em ambos os governos, os chefes de Estado aprovaram no começo do mandato projetos “relativamente simples”, que não exigiam maioria qualificada. Iniciativas que demandam a aprovação de emenda requerem maior esforço. “Como se resolve esse problema? O presidente precisa ser capaz de coordenar o processo e os conflitos dentro do Legislativo”, esclarece.
Além da dificuldade para aprovar uma PEC, propostas como a reforma da Previdência enfrentam forte rejeição popular. “Para aprovar medidas desse tipo, você precisa de maioria qualificada, em dois turnos, e isso exige uma enorme negociação. Tanto Lula quanto FHC, quando enviaram esse tipo de pauta ao Legislativo, tiveram muitas dificuldades”, lembra Andréa Marcondes..