Bem-vindo, governador, a quatro anos que provavelmente serão os de agenda mais cheia em sua vida. Ao tomar assento no gabinete mais importante do Executivo do segundo estado mais populoso do país, despencarão em sua mesa de imediato as demandas, angústias e queixas de nada menos que 21 milhões de pessoas. Gerenciar quatro centenas de lojas há de se revelar tarefa fácil, diante da missão de administrar os anseios de 853 cidades, com prefeitos de diferentes matizes políticos, todos igualmente com contas a apresentar.
Fechadas as urnas e proclamado o resultado, acabou-se o tempo da retórica. Os problemas deixam a arena dos debates e passam a exigir respostas práticas – preferencialmente rápidas. Um breve passeio pelas páginas do Estado de Minas mostrará que elas estão longe de ser simples. Na saúde faltam ou chegam com atraso desde medicamentos de alto custo a insumos essenciais para hospitais, passando por verbas para a rede conveniada.
O estado saiu faz pouco da segunda epidemia recorde de febre amarela, arrastando uma lista de 340 mortos desde a temporada 2016/2017. Não bastasse, faltam 1,8 milhão de pessoas para que se atinja a meta de vacinação. Já parece sério, governador, mas tem mais. Segurança. As bases comunitárias, que colocaram policiais em pontos estratégicos em Belo Horizonte, foram um avanço.
Mas crimes como estupro, inclusive contra menores, teimam em não recuar. E um dos aspectos mais graves: o feminicídio segue em escalada preocupante. No ano passado foram 101 mulheres assassinadas por companheiros e ex, apenas até setembro. É muito, mas neste 2018, nos mesmos nove meses, são 5% mais mortes sobre um patamar já escandaloso.
E tem a educação, governador. Implantar o piso nacional do magistério é meta que atravessa gestões desafiando promessas. Coincidência ou não, o desempenho dos alunos despenca. O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2017 mostrou que, nos anos finais do ensino médio, Minas não só não está entre os sete estados que alcançaram a meta fixada para o período, como foi o único a registrar queda em relação à edição anterior da avaliação. A infraestrutura é outro problema. Dos graves.
A título de exemplo, Minas, estado de maior malha rodoviária do país, tem trechos asfaltados que não chegam a 10% do total de suas vias – um terço delas em condições ruins ou péssimas, aponta a Confederação Nacional dos Transportes (CNT). Missão para o estado e para as cada vez mais minguadas verbas da União. Há muito mais, na verdade. Mas, para enfrentar tudo, é bom lembrar que, além dos nomes de sua confiança, governador, só dá para avançar contando com o apoio do funcionalismo. Se o salário estiver em dia, há de ficar um pouco menos difícil.
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