Eleito governador de Minas Gerais com o discurso de que não se mistura com a ‘velha política’, o empresário Romeu Zema (Novo) terá de rever conceitos se quiser aprovar as pautas que defende na Assembleia Legislativa de Minas. O estreante chega ao Palácio da Liberdade com apenas três parlamentares eleitos por seu partido e mais seis aliados de outras duas legendas (PSB e PV), que declararam apoio a ele no segundo turno. Em contrapartida, deve enfrentar a oposição de duas das maiores bancadas eleitas, as do PT e do PSDB.
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MG: com 100% das seções apuradas, Zema teve 71,80% dos votos válidosNas cidades natais dos candidatos, Zema teve 21 vezes mais votos que Anastasia em Araxá e venceu também em BHNo discurso da vitória, Zema promete reduzir cargos comissionados e tem cautela em relação a privatizaçõesZema venceu em 832 dos 853 municípios de Minas e Bolsonaro em 445Diferentemente do 1º turno, Zema venceu em todas as regiões de Minas no 2º turnoZema anuncia que vai 'cortar gordura enorme e economizar milhões'O próprio Zema empurrou o partido para o lado oposto com seu discurso de voto anti-PT. A oposição, no entanto, segundo André Quintão, não será radical.
Depois de uma disputa acirrada no segundo turno entre Zema e o senador Antonio Anastasia, o PSDB, que elegeu sete deputados estaduais, também se creditou como oposição devido ao resultado das urnas. A tendência na legenda, no entanto, é adotar uma “independência crítica”. Segundo o deputado estadual reeleito João Vítor Xavier, ainda não houve nenhuma conversa sobre o assunto. “O PSDB vive uma crise existencial e terá de se redefinir como campo político para se reconstruir. O partido saiu fragilizado e derrotado nas urnas e se não se rediscutir será extinto. Dentro disso, vamos decidir onde estão as identidades, inclusive no estado”, afirmou.
O MDB, que foi base do governador Fernando Pimentel (PT) até as vésperas da eleição, quando decidiu lançar o presidente da Assembleia, Adalclever Lopes, para concorrer ao governo, tende a se alinhar ao governo Zema.
Segundo o atual líder da bancada, deputado Tadeu Martins Leite, que disse apoiar pessoalmente Zema, o MDB vai aguardar e tentar ajudar o governo em um primeiro momento. “Até porque o novo governo precisará de apoio para fazer alterações importantes, depois vamos discutir como vai ocorrendo para ir nos posicionando”, disse. O líder emedebista afirmou que ainda não ocorreu nenhuma conversa e que uma eventual adesão não será condicionada à oferta de espaços no governo.
Cargos
“Temos que discutir em cima de programa, até porque quem discute cargos é o governador. Se tiver algum quadro que lhe interesse e se alinhe, mas não é um pleito”, disse Martins Leite. O estreante PSL, partido de Jair Bolsonaro, que chega à Assembleia com seis cadeiras, adotou posição de independência no segundo turno em Minas, mas, segundo o presidente da legenda, Marcelo Álvaro Antônio, está aberto ao diálogo com Zema. “Vai depender das propostas que o governo tiver para o resgate econômico e financeiro do estado. Ele tem que se comprometer com um governo austero, responsável, fazendo as reformas necessárias e principalmente cuidando da estruturação do estado”, disse.
Álvaro Antônio afirmou que a crítica que fez ao governador eleito, que chamou de oportunista em vídeo, foi apenas pontual.
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