Terceiro colocado no primeiro turno das eleições presidenciais, Ciro Gomes (PDT) se prepara para uma nova campanha a partir de 1.º de janeiro. Ao não declarar apoio a Fernando Haddad (PT) no segundo turno, o pedetista tenta levar adiante o seu projeto de se consolidar como uma nova liderança do "campo progressista", que hoje tem o PT à frente, aproveitando o capital político conquistado neste ano. Ciro teve 13,3 milhões de votos, o equivalente a 12,5%.
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Aliados de Haddad dizem que Ciro foi egocêntrico e estimulou vitória de BolsonaroCiro Gomes: 'Não quero fazer campanha para o PT nunca mais'Ciro Gomes publica foto em zona eleitoral e escreve: '#DEMOCRACIASIM'Ciro diz que foi ''miseravelmente traído" por Lula e "seus asseclas"Ciro Gomes: 'não pense o presidente eleito em violar o respeito ao conjunto da nação'"Já falei para ele (Ciro) que estamos lançando o nome dele a partir de 1º. de janeiro (de 2019).
Turbulência
A iniciativa do PDT em lançar, desde já, uma nova candidatura presidencial se baseia na previsão de turbulências no mundo político. Na leitura dos dirigentes do partido, a governabilidade será um complicador para o novo presidente. "É uma governabilidade muito difícil, na qual haverá muita radicalização. Nós queremos ser opção à radicalização. A partir de 1.º de janeiro, ele (Ciro) se colocará como tal", afirmou.
Outra razão para que Ciro não se afaste das atividades políticas é o exemplo de Marina Silva, que foi candidata à Presidência pela Rede Sustentabilidade.
Desafio
O principal desafio de Ciro Gomes e do PDT, no entanto, será se afastar do PT sem perder apoio do campo progressista, o que já tem causado rusgas para sua imagem. Para se distanciar do PT, Ciro ignorou os pedidos para participar da campanha de Haddad. A escolha de viajar com a família para Europa logo após o primeiro turno rendeu críticas entre seus eleitores. Pressionado a gravar uma declaração a favor do petista, disse que não estava neutro, mas que não declararia apoio ao petista por uma razão "muito prática", que não revelaria.
Neste domingo, 28, voltou a dizer que não faria campanha com o PT "nunca mais". "A quem que eu estou devendo essa presença? Estou devendo ao PT?", questionou ele, após votar em Fortaleza (CE).
Nesse contexto, a opção de se apresentar como centro-esquerda, termo usado por seu irmão Cid Gomes (PDT-CE), senador eleito, também está longe de ser uma unanimidade dentro do partido. Para evitar a polêmica, Lupi e outras lideranças têm evitado falar de Ciro como uma nova alternativa ao PT ou à esquerda. Um dos principais aliados de Ciro, o deputado André Figueiredo (PDT-CE) evitar falar em "centro-esquerda".