Os diferentes grupos que assessoraram o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), durante a campanha começaram a definir a equipe que atuará na transição do governo. O chamado "grupo de Brasília", comandado pelos generais da reserva Augusto Heleno e Oswaldo Ferreira, já submeteu uma lista de 25 nomes ao deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), que deve coordenar a transição.
As outras indicações, segundo apurou o Estadão/Broadcast, serão feitas pela equipe econômica da campanha, que teve o economista e futuro ministro da Fazenda, Paulo Guedes, à frente, e pelo núcleo político. Heleno já foi anunciado como futuro ministro da Defesa por Bolsonaro, enquanto Ferreira deverá ocupar alguma pasta na área de infraestrutura.
O grupo chefiado pelos militares será responsável pela transição em áreas como saúde, segurança, infraestrutura, trabalho, meio ambiente, internacional, justiça e defesa. Entre os nomes indicados estão o do professor universitário Paulo Coutinho, para a área de ciência e tecnologia; do diretor do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) Alexandre Ywata, para meio ambiente; do consultor e coronel da reserva do Corpo de Bombeiros Luiz Blumm, para saúde e defesa; e do tenente-coronel dos Bombeiros Paulo Roberto, para a educação.
São pessoas que já vinham se reunindo em um hotel em Brasília para assessorar a campanha de Bolsonaro - alguns em contato direto com o então candidato -, municiando estudos e projetos tocados pelo grupo de generais.
Embora longe do núcleo mais próximo do candidato, o grupo formado pelo militares foi um dos pilares da campanha que elegeu Bolsonaro, dando respaldo para propostas em áreas como infraestrutura. A ideia é que eles tomem pé da situação de cada ministério e comandem os grupos temáticos que atuarão no centro de transição, montado no Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília.
Coordenador da transição e já confirmado como futuro chefe da Casa Civil, Lorenzoni dará a palavra final sobre a lista dos nomes que ocuparão os 50 cargos disponíveis para a equipe de transição, com salários que variam de R$ 2 mil a R$ 16 mil.
Os membros da equipe de transição devem tomar posse dois dias após serem indicados e ficam no cargo de forma temporária até dez dias após a posse do novo presidente da República.
Nesta segunda-feira, 29, em entrevista no Palácio do Planalto, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse que aguarda Lorenzoni para uma reunião nesta quarta-feira, 31, em Brasília. Ele afirmou que o CCBB está pronto para receber a equipe de transição, assim que ela for indicada. "O espaço para a transição já está perfeitamente instalado com móveis, computadores, recepção de prédio, segurança da Polícia Federal", disse. Padilha não descartou a possibilidade de a Força Nacional reforçar a segurança do prédio.
No local, estão disponíveis 22 gabinetes para a equipe de transição, incluindo as duas salas especiais para o presidente e o vice-presidente eleitos, em áreas reservadas. Também serão oferecidas 78 posições de trabalho.
Com 50 cargos disponíveis, a projeção da campanha é de que mais pessoas trabalhem como voluntários - são esperados cerca de 300 integrantes. Serão nomeados apenas aqueles que precisam deixar outras funções no governo ou são peças-chave nas equipes. Os próprios generais da reserva, como Heleno e Ferreira, não deverão receber cargos na transição oficialmente.
Pastas
Em paralelo, os assessores aguardam decisões que caberão ao próprio presidente eleito, como o número efetivo de ministérios que serão mantidos.
Também hoje a expectativa é de que Bolsonaro não una os ministérios do Meio Ambiente e da Agricultura, como chegou a anunciar. O próprio presidente eleito disse na semana passada que a proposta pode ser revista.
O grupo de Brasília também prepara as prioridades para os cem primeiros dias do próximo presidente. Na área de infraestrutura, por exemplo, a primeira ação será concluir obras como a da BR-163 e fazer estudos sobre a viabilidade de todas as obras paralisadas no governo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo..