Em sua primeira entrevista após voltar da Europa, para onde viajou no dia seguinte à derrota no primeiro turno das eleições presidenciais, Ciro Gomes (PDT) declarou ter sido "miseravelmente traído" pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e seus "asseclas".
A entrevista foi publicada nesta quarta-feira (31) pela Folha de S. Paulo. Ciro abriu o leque de queixas contra os petistas. De acordo com o candidato derrotado, ele não pode ser chamado de traidor por não ter declarado apoio a Fernando Haddad (T) no segundo turno. "A gente trai quando dá a palavra e faz o oposto", justificou.
Ciro reiterou o que já havia declarado anteriormente, que não pretende "nunca mais" se aliar ao PT para qualquer campanha eleitoral.
A mágoa de Ciro diz respeito ao veto de Lula para que o PSB apoiasse o pedetista na disputa presidencial. Em troca, Lula fez o PT retirar candidatura própria em Pernambuco, onde o PSB disputava a reeleição do governador Paulo Câmara.
Bajuladores
Ciro também apontou a metralhadora giratória contra aliados próximos aos ex-presidente Lula.
De acordo com ele, Lula está cercado de bajuladores, listando entre eles a senadora Gleisi Hoffmann, também presidente nacional do PT; Frei Betto e o teólogo Leonardo Boff, que chegou a ser chamado de "bosta" pelo pedetista.
Deixar a política
Ciro deixou em aberto a possibilidade de vir a disputar o Palácio do Planalto. "Quem conhece o Brasil sabe que afirmar uma candidatura para 2022 é mero exercício de especulação", afirmou.
O ex-governador e ex-ministro deu essa declaração ao ser indagado se deixaria a política, tendo em vista que durante a disputa eleitoral chegou a cogitar a hipótese caso Jair Bolsonaro fosse eleito presidente do Brasil.