Sem citar o nome do pedetista, Manuela criticou a postura de divisão após a derrota no segundo turno e relembrou que abriu mão da própria candidatura para, de acordo com ela, “buscar ao menos parte dessa unidade”.
Ciro Gomes afirmou, também, que a candidatura do PT visava um “projeto de poder miúdo e de ladroeira” e acusou a legenda adversária de eleger Jair Bolsonaro (PSL). “Lula nunca permitiu nascer ninguém perto dele. E eles empurram para a direita, que é o querem fazer comigo”, declarou.
Em aparente resposta às críticas de seu adversário, a vice de Haddad disse que desde a época que lançou a candidatura, então isolada, pelo PCdoB, defendeu que a unidade no campo da esquerda era o caminho para construir “a vitória das forças políticas progressistas, populares e comprometidas com a democracia”.
Ela argumenta, também, que se construiu um programa comum, mas que não se avançou para uma candidatura única durante as negociações pré-eleitorais. Ela classifica isso como o “erro original e mais importante frente ao qual todos os outros são menores”.
“Buscar responsabilizar agora qualquer ator ou força política, isoladamente, por nossa derrota é não compreender quem são nossos adversários e os gigantescos interesses contra os quais disputamos a eleição”, argumentou.
Manuela disse que a esquerda está dolorida com a derrota, mas que o “campo progressista” encontrou, na reta final do pleito, um rumo que ela acredita ser positivo. “Deu o recado e o caminho para todos nós: unidade generosa, sem hegemonismo, sem estrelismo, todo mundo junto e igual. Porque, gente, prestem atenção: se a gente não se unir não vai sobrar nada no céu pra estrela e astro nenhuma brilhar”, defendeu.
Por fim, a comunista defendeu que as esquerdas formem uma “unidade real” com base nos valores da democracia, liberdade e justiça social. Ela afirma que esse projeto de união fez parte da campanha nas ruas nas eleições de 18 e que toda a movimentação aconteceu “longe dos gabinetes e espaços burocráticos”.
“Não foi feito apenas por um partido e também não foi contra um Partido. Então, agora não pode ser de um partido, de um líder ou contra o outro líder. Precisamos estar todos juntos, como estivemos nesses últimos dias. Juntos nas ruas, nas praças, nos bairros. Conversando, ouvindo, refletindo. Construindo nossa ação, garantindo o zelo à Constituição Cidadã de 88. Esse é nosso dever, foi para isso que saímos juntos nas ruas”, declarou.
Ela ainda criticou a postura de Ciro Gomes, mesmo sem citar nomes, ao afirmar que “dispensar a unidade” ou “fazer o jogo dos adversários” é não entender os anseios dos eleitores que não votaram em Jair Bolsonaro. “Temos diferenças, lutemos pelo direito de preservá-las. Para isso, precisamos estar juntos, lutando pela (r)existência”, concluiu.
*Estagiário sob supervisão do editor Renato Scapolatempore