Eleito governador do Rio com discurso apoiado no combate à corrupção e ao tráfico de drogas, além da promessa de promover o desenvolvimento econômico, Wilson Witzel (PSC) reafirmou, em entrevista ao Estado, que policiais que matarem quem portar fuzis não devem ser responsabilizados "em hipótese alguma". Segundo ele, a autorização para o "abate", a ser oficializada, não aumentará a letalidade no Estado - hoje, são cerca de 500 registros por mês, ou 16 assassinatos por dia. Para Witzel, a medida reduzirá o número "de bandidos de fuzil em circulação".
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Em 2016, Sergio Moro disse que jamais entraria para a política'Conceito de República escapa da nossa elite', diz Haddad sobre Moro ministroPetistas usam escolha de Moro para reforçar tese de 'julgamento político' de LulaCompetência profissional e dignidade pessoal não faltam a Moro, diz BretasFuturo governador do Rio diz que transição não será afetada com prisãoSem nome ou sombra: o que fazem os snipers, novos personagens da guerra no RioMoro diz adeus à Lava-Jato e não vai interrogar Lula no dia 14Ele ainda chamou os antecessores no governo do Estado do Rio de "constelação de pilantras" e disse que vai pedir à futura gestão Jair Bolsonaro (PSL), um aliado, a permanência das Forças Armadas de janeiro até outubro de 2019, dez meses além do prazo do decreto da intervenção federal na segurança. A seguir, os principais trechos da entrevista:
O sr. se apresenta como uma novidade. Já se sente político?
Eu estou governador durante quatro anos.
Além da segurança, qual será seu principal foco?
O principal é gerar emprego, aumentar o PIB da agricultura, a educação, a saúde, diversificar o turismo.
Espera que o Rio seja privilegiado na renegociação do Regime de Recuperação Fiscal?
O presidente tem de ouvir todos os governadores e arrumar uma solução. É uma discussão que tem de ser travada. O presidente é "paulistoca" (paulista e carioca) e o governador também. Mas a preocupação dele é nacional.
Os servidores podem confiar que não terão mais salários atrasados?
Nosso problema não é de despesa, é de receita. Tudo o que o Estado tem de fazer é melhorar o desempenho de sua economia. Vem perdendo essa capacidade em razão de escândalos, por falta de interesse das empresas. O ICMS é alto, as isenções foram feitas de forma seletiva. Houve receio do empresariado. O (atual governador, Luiz Fernando) Pezão ficou marcado por causa dos governos anteriores.
O senhor defende a excludente de ilicitude para policiais. Então no caso do policial que mata em serviço não deve haver mesmo qualquer responsabilização?
Se for um ato em confronto, em que o policial está acobertado por uma excludente de ilicitude, não é homicídio, é morte em combate. A excludente está no Código Penal desde 1940, Artigo 25. (Responsabilização) em hipótese alguma. É auto de resistência e arquivo.
Não há consenso sobre a interpretação de que basta o bandido estar de fuzil, sem mirar em alguém, para que se configure ato em legítima defesa.
Se estiver mirando em alguém, tem de receber tiro na cabeça na hora.
Se não há agressão, é legítima defesa sem dúvida?
Também tem de morrer. Está de fuzil? Tem de ser abatido.
Se o senhor dá essa autorização expressa e o policial depois é processado, a responsabilidade não cai no seu colo?
Não vai cair no meu colo nada. Vai cair no colo do Estado. O Estado tem de entender que tipo de segurança pública quer.
Houve casos de pessoas que morreram porque estavam com uma furadeira ou um guarda-chuva. Os policiais se confundiram. Atira primeiro e verifica depois?
Quem atirou é um incompetente, não devia ter atirado. Não estava preparado. Se fizer um curso de "sniper", vai estar preparado para identificar quem está de guarda-chuva.
O senhor falou em colocar "snipers" em helicópteros. Os moradores das favelas ficam em pânico nessas operações.
E os cinco bandidos de fuzil atirando para tudo quanto é lado não contam, não? A errada é a polícia?
Da polícia o cidadão espera a conduta correta; do bandido, não...
O correto é matar o bandido que está de fuzil. A polícia vai fazer o correto: vai mirar na cabecinha e...
Essa diretriz não vai aumentar os índices de letalidade?
Vai reduzir os índices de bandido de fuzil em circulação.
Se matar bandido reduzisse a violência, o Rio seria um paraíso...
Então não está matando, não é? Está deixando de matar.
O senhor está dizendo que a polícia do Rio mata pouco? Só em agosto, foram 175 pessoas mortas por policiais (um aumento de 150% na comparação com agosto de 2017).
Tem de resolver o problema, não está sendo resolvido.
A polícia do Rio é a que mais morre e a que mais mata do Brasil.
É que tem muito bandido na rua. Mas não é só um lado da moeda. Tem a questão do combate à lavagem, o trabalho para asfixiar quem está fornecendo fuzis. Não é só fazer guerra: tem de tirar o fuzil de circulação, evitar isso. Caso contrário, não adianta, é chover no molhado. É incompetência de todos os lados.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo..