O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, anunciou na tarde desta quinta-feira (1º/11) que a Polícia Federal vai instaurar um inquérito para investigar a atuação de uma organização criminosa que tenta impedir a apuração do assassinato da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes.
Segundo Jungmann, o pedido de investigação foi feito pelo procuradora-Geral da República, Raquel Dodge, após ter acesso aos depoimentos de dois envolvidos com o caso ouvidos no último mês. "Essas denúncias, que precisam e serão investigadas pela Polícia Federal, acusam a existência de uma organização criminosa envolvendo agentes públicos de diversos órgãos, mílicias, organização criminosa e contravenção para impedir, obstruir e desviar a elucidação do homícidio de Marielle Franco e Anderson Gomes", explicou o ministro.
Conhecida por sua atuação em defesa de minorias, Marielle foi assassinada a tiros em 14 de março deste ano. Jungmann esclareceu que a decisão desta quinta não se trata de uma federalização das invetigações do caso — como já chegou a ser aventado. Segundo o ministro esta será uma "investigação paralela" para apurar a participação dessa organização criminosa, que contaria, inclusive, com a participação de agentes públicos.
Em relação ao assassinato da vereadora, especificamente, o ministro lamentou, mas disse ainda não ter novas pistas.
Os depoimentos que sugerem a ação dessa organização teriam sido colhidos no Rio Grande do Norte, onde está preso um dos suspeitos de participação no crime, Orlando de Oliveira Araújo, o Orlando Curicica. Os nomes de Curicica e do vereador Marcello Siciliano (PHS) surgiram na investigação da morte de Marielle quando uma testemunha, em depoimento na Delegacia de Homicídios, acusou o vereador e o ex-policial de terem interesse na morte da vereadora. O ex-PM é acusado da morte do ex-presidente da Escola de Samba Parque Curicica Wagner Raphael de Souza, em 2015. O carro da vítima foi atingido por 12 tiros.
Em carta divulgada no dia 10 de maio, escrita de dentro da cadeia e entregue por seus advogados, Curicica negou qualquer participação na morte de Marielle e do motorista Anderson Gomes. Na carta, ele diz que sequer conhecia Marielle e que nunca esteve com Marcello Siciliano, conforme um delator afirmou em depoimento na polícia.
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