Rio de Janeiro – O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) assinou nessa sexta-feira a nomeação de 24 pessoas que trabalharão na transição, que começa terça-feira, quando o capitão reformado chegará a Brasília para, no dia seguinte, se reunir com o presidente Michel Temer, segundo informou ontem o futuro ministro da Casa Civil, deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS). “Na terça, ele vai para Brasília, se avista com os poderes. Na quarta, vai encontrar às 16h com o presidente Temer. E retorna na quinta”, disse Onyx. Ele não quis, no entanto, adiantar os nomes que integram a equipe de transição. “Na segunda-feira, vocês vão ver no Diário Oficial”, disse, com uma pasta debaixo do braço onde, segundo ele, estava a lista com os primeiros indicados. Pela lei, o eleito pode nomear até 50 pessoas.
Leia Mais
Bolsonaro: 'Se eu for mal, todos no Brasil vão pagar um preço muito alto'Moro, ministérios, Israel e reformas: a primeira coletiva de BolsonaroJornais são barrados na primeira coletiva de imprensa de BolsonaroBolsonaro: Moro aceitou convite como 'um jovem universitário recebendo diploma''Respeito à Constituição será nosso norte', diz Bolsonaro sobre MoroRelação entre governo Bolsonaro e Judiciário deve ser marcada por tensões PIB pode avançar até até 3,5% em 2019 se novo governo fizer reformas e cortar gastosBolsonaro aproveitou a manhã também para cortar o cabelo. Ele recebeu o cabeleireiro Maxwell Gerbatim, paraquedista da reserva. O profissional contou que cuida do cabelo do presidente eleito desde o início dele na política. “Tem muitos anos, desde que ele era vereador. Ele ia a Madureira, de vez em quando, para cortar o cabelo comigo. Viemos aqui dar um presente para o presidente”, disse Maxwell. Por volta de 12h, Bolsonaro deixou a num comboio formado por cinco carros. Por questões de segurança, o destino não foi informado no local, mas no meio da tarde a Marinha informou Bolsonaro passaria o feriado na base naval de Restinga de Marambaia, no Rio de Janeiro.
Mudança Até agora, o deputado Onyx Lorenzoni foi o único assessor próximo do futuro presidente a encontrar com representantes do atual governo. Ele esteve com o atual titular da Casa Civil, Eliseu Padilha, para combinar a transição. Os indicados pelo núcleo militar que assessora o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) ocuparão oito dos cargos que compõem a lista entregue por Lorenzoni nesta semana ao atual governo. Dois desses são dedicados à área de infraestrutura, considerada prioritária pela equipe de Bolsonaro. Os outros 14 nomes foram indicados pelo futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, e pelo núcleo político.
Segundo fontes da equipe, mesmo com direito a indicar até 50 pessoas, podem não ser necessárias novas nomeações, porque haverá muitos voluntários. O chamado “grupo de Brasília”, chefiado pelos militares, submeteu uma lista com 25 nomes a Lorenzoni para participar da transição. O grupo será responsável pela transição em áreas como saúde, segurança, infraestrutura, trabalho, meio ambiente, internacional, justiça e defesa.
Entre os nomes que foram indicados no início da semana estão o do professor universitário Paulo Coutinho, para a área de ciência e tecnologia; do diretor do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) Alexandre Ywata, para meio ambiente; do consultor e coronel da reserva do Corpo de Bombeiros Luiz Blumm, para saúde e defesa; e do tenente-coronel dos Bombeiros Paulo Roberto, para a educação.
Os membros da equipe de transição ficam no cargo de forma temporária até dez dias após a posse do novo presidente da República. Antes de assumir, passarão pelo crivo da área jurídica do Palácio do Planalto, que vai verificar se existe algum tipo de impedimento para nomeação em cargo público. A equipe de Bolsonaro ficará sediada no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB).
Equipe é proibida de falar da CPMF
São Paulo e Rio – O presidente eleito Jair Bolsonaro, em texto publicado em sua conta no Twitter na manhã de ontem, “desautorizou” informações trazidas pela imprensa de que sua equipe estaria estudando a criação de impostos sobre movimentação financeira. “Desautorizo informações prestadas junto a mídia por qualquer grupo intitulado ‘equipe de Bolsonaro’ especulando sobre os mais variados assuntos, tais como CPMF, Previdência, etc.”, afirmou Bolsonaro. A informação de que a equipe econômica do novo governo pretende criar um imposto para substituir a contribuição ao INSS que as empresas recolhem sobre os salários e, assim, fomentar a geração de empregos foi veículada na imprensa ontem.
Logo a após se reunir por cerca de 5 horas com Bolsonaro na manhã de ontem, o deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS), futuro ministro da Casa Civil, se recusou a responder perguntas sobre a possibilidade da volta da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) para financiar a Previdência Social, sobre novos nomes para os ministérios, nem sobre o fato de vários órgãos da imprensa terem sido barrados na coletiva concedida por Bolsonaro na quinta-feira.
Onyx afirmou ontem que passará o dia trabalhando e negou que o presidente eleito tenha baixado a lei do silêncio para os seus auxiliares mais próximos. Segundo ele, este momento é de trabalhar. Até agora o presidente eleito tem dedicado tempo para desmentir informações repassadas por auxiliares mais próximos, como o futuro superministro da Economia, Paulo Guedes, que durante a campanha chegou a falar na volta da CPMF. Guedes e Onyx já deram informações desencontradas sobre a reforma da Previdência.