Mesmo que alguns partidos tradicionais continuem com expressão após o resultado das urnas, siglas pouco conhecidas – como o PSL – surpreenderam especialistas que acompanharam o pleito de perto. Por mais que o PT tenha perdido um número importante de parlamentares e de governadores, que se concentraram no Nordeste, o partido se saiu melhor do que o PSDB e o MDB, avaliam os analistas procurados pela reportagem.
Para o cientista político Marcus Ianoni da Universidade de Brasília (UnB), o sistema partidário se alterou, sendo o MDB e o PSDB os mais prejudicados na nova configuração. O PSDB, partido que, desde que lançou Fernando Henrique Cardoso à Presidência, esteve na reta final das eleições, se posicionou em quarto lugar com a candidatura de Geraldo Alckmin (com menos de 5% do eleitorado), mostrando o pior desempenho desde 1994, explica o professor.
Leia Mais
Partidos de oposição excluem PT e articulam frente conjunta para atuar na CâmaraPartidos articulam bloco contra Bolsonaro sem o PT também no SenadoBolsonaro toma distância dos partidos contra o toma lá dá cá1/3 do Congresso eleito é alvo de investigações Segurança de Bolsonaro será mais severa do que "qualquer outro titular do Planalto já viu ou teve"O cientista político Antônio Flávio Testa conta que o PSDB saiu “muito chamuscado” do pleito, mas ressalta ter conquistado o governo do estado mais populoso do país, São Paulo. No entanto, a vitória de Doria fez com que, afirma o analista, os três grupos hegemônicos do partido – de FHC; José Serra e Geraldo Alckmin – saíssem enfraquecidos. “João Doria não é um tucano tradicional, é mais pragmático. Ele vai atrás de quem estiver ganhando”, diz.
É a capilaridade do MDB que faz com que o partido não possa ser comparado com o desenvolvimento do ninho tucano.
Segundo Marcus Ianoni, o MDB teve o “pior desempenho de sua história”. O discurso de criminalização dos políticos, a agenda “ultraliberal” e o envolvimento de membros do partido em escândalos de corrupção, levaram o partido a este desempenho, explica o acadêmico. “Tudo isso foi capitaneado pelo PSL, agremiação que mais cresceu, navegando no bolsonarismo.”
Mesmo que tenha perdido a eleição presidencial e tenha obtido um resultado de votos menor do que em 2014, o PT ainda continua como o principal partido de oposição, posto que ocupa desde 1989, entende Ianoni. No entanto, o cientista político acredita que o partido mostrou uma melhora no desempenho em comparação a 2016 (na eleição municipal). “O PT cresceu, se recuperou, mas ainda não está no nível que alcançou nas eleições de 2014.
Por terem bandeiras econômicas e sociais próximas, o pesquisador enfatiza que a união entre o PT, o PCdoB, o Psol e o PSB é possível. “O que ainda não está claro é como ficará a relação do PDT com o PT, em função do comportamento de Ciro Gomes desde o final do primeiro turno, que está procurando demarcar diferenças”, diz.
.