Jornal Estado de Minas

Política externa a ser implementada por Bolsonaro ainda não está clara

Com a entrega dos nomes da equipe de transição, que ocorre nesta segunda-feira (5), é possível que se clareie um pouco mais o que será o futuro do Itamaraty. O alinhamento de Bolsonaro com o presidente Donald Trump é uma nova ruptura com a política externa brasileira, que passou por um processo de partidarização sob comando do ex-chanceler Celso Amorim, nos governos Lula e Dilma, mas voltou ao velho pragmatismo na gestão do tucano Aloysio Nunes Ferreira.

Agora, após a repercussão negativa de suas declarações sobre a China, Cuba e Oriente Médio, Bolsonaro parece recuar da intenção de chutar o pau da barraca na política externa e anunciou um encontro com o embaixador chinês Li Jinzhang. O presidente eleito havia acusado o país asiático de ter uma atitude predatória nos investimentos realizados no Brasil, além de ter visitado Taiwan em fevereiro passado, atitude inédita de um candidato a presidente da República desde que o Brasil reconheceu Pequim como o único governo chinês, em 1979.

A reação mais dura veio num editorial do jornal China Dayle, porta-voz informal do governo chinês: “Temos a sincera esperança de que, após assumir a liderança da oitava maior economia do mundo, Bolsonaro vai olhar de forma objetiva e racional para o estado das relações China-Brasil”, escreveu o jornal, que se refere a Bolsonaro como “Trump tropical”.

“Ele estará ciente de que a China é o maior mercado para as exportações brasileiras e a maior fonte de superavit no comércio externo brasileiro”, acrescentou a publicação, lembrando que as duas economias são “verdadeiramente complementares” e “dificilmente concorrentes”. Em 2017, o comércio entre o Brasil e a China atingiu 87,53 bilhões de dólares, aumento de 29,55%. A China vendeu bens no valor de 29,23 bilhões de dólares e importou mercadorias no montante de 58,30 bilhões de dólares, segundo dados das alfândegas chinesas.

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