O encontro do presidente eleito, Jair Bolsonaro, com os comandantes das Forças Armadas, antes de ter uma reunião com o presidente Michel Temer, é um forte indício de que os militares estarão em primeiro plano no próximo governo, avaliam especialistas. Na reunião com os comandantes Eduardo Bacellar (da Marinha) e Eduardo Villas Bôas (do Exército), Bolsonaro afirmou que o governo não pretende contingenciar recursos dos militares.
Segundo o cientista político Thiago Vidal, o que chama mais a atenção é Bolsonaro ter se encontrado individualmente com cada um dos mandatários das três Forças. “O mais simbólico é o fato de ter um número significativo de militares como prováveis ministros e/ou assessores diretos. No fim, é um prestígio às Forças Armados. Um prestígio individual”, diz. Vidal lembra, no entanto, que a presença do presidente eleito na cerimônia de comemoração dos 30 anos da Constituição, na Câmara, fez com que ele e Temer se reunissem informalmente.
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Em Brasília, Bolsonaro vai a ato na Câmara e tem encontro com militaresNova Previdência deve preservar questões militaresJovens, militares e empresários serão a base do PSLBolsonaro conversa com Temer sobre a reforma da PrevidênciaItamaraty ficará com diplomata de carreiraO acadêmico acredita que, mesmo com um contexto diferente, o fato vivenciado, ontem, se assemelha, em alguns aspectos, ao que ocorreu com Getúlio Vargas em 1950.
Oliveira diz que o presidente eleito não necessita da aceitação dos chefes das Forças para governar, mas ressalta que as medidas prometidas durante a campanha, de aumentar o número de militares em postos-chaves do governo, podem criar um ambiente de aprisionamento dos interesses da categoria. “Já começou com a presença muito forte dos militares na composição da equipe de transição. Além disso, ele anunciou que terá a maioria da Esplanada comandada por militares”, afirma.
Sem cortes
Ao ser questionado sobre a mensagem que esses encontros podem transmitir, Bolsonaro foi enfático. “Eu sou oriundo da carreira, então, os militares terão um lugar de destaque no governo.”
O presidente eleito também garantiu que as Forças Armadas não sofrerão cortes de orçamento. “Hoje (ontem), Paulo Guedes disse que os militares não terão recursos contingenciados.
O núcleo duro do governo já conta com dois militares de destaque: os generais Augusto Heleno Ribeiro (para a Defesa ou SGI), um dos principais conselheiros, e o vice-presidente eleito, Hamilton Mourão. Ambos estavam presentes nos encontros com os comandos das Forças Armadas..