O presidente eleito Jair Bolsonaro e o atual presidente, Michel Temer, prometeram, nesta quarta-feira (7), em Brasília, uma transição "fluida" entre os seus governos.
Após a primeira reunião entre os dois desde a sua eleição, em 28 de outubro, o capitão do Exército na reserva também anunciou a primeira ministra do seu futuro governo: a deputada federal Tereza Cristina da Costa, líder da bancada ruralista, à frente da pasta de Agricultura.
Também indicou que irá suprimir o Ministério do Trabalho, o que gerou críticas sindicais.
Em uma breve declaração conjunta à imprensa no Palácio do Planalto, Temer assegurou que a colaboração com Bolsonaro será "verdadeira", e se ofereceu para impulsionar no Congresso projetos que o seu sucessor considerar prioritários, antes da transição em 1º de janeiro.
Temer convidou Bolsonaro para acompanhá-lo em viagens internacionais até o final de seu mandato, como a cúpula do G20, que acontecerá no fim deste mês em Buenos Aires.
Mas não se sabe, contudo, se Bolsonaro aceitará, pois está se recuperando de uma facada que sofreu em um comício, além de ter que passar por uma nova cirurgia.
O capitão na reserva, de 63 anos, que tem pela frente o desafio de aprovar no Congresso um ambicioso plano de reformas para recuperar a economia do país, explicou que, no encontro, foram abordados "vários assuntos", entre eles "a governabilidade", e disse que irá manter "muitas coisas" do governo Temer.
"O procurarei mais vezes para que juntos possamos fazer uma transação de modo que os projetos de interesse do Brasil continuem fluindo dentro da normalidade", acrescentou aos jornalistas.
Antes, o futuro presidente afirmou que ninguém pode "salvar" o Brasil da crise sem contar com o apoio dos demais poderes, depois de se reunir com o comandante da Aeronáutica e com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli.
- Primeira mulher -
Em seu segundo dia de reuniões em Brasília, o capitão do Exército na reserva, conhecido por seus comentários misóginos, homofóbicos e racistas, nomeou a primeira mulher que fará parte do seu governo.
"Boa noite! Informo a todos a indicação da senhora Tereza Cristina da Costa Dias, Presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, ao posto de Ministra da Agricultura", escreveu no Twitter, canal por onde disse que irá anunciar as nomeações de seus futuros ministros.
Mais tarde, anunciou que outras quatro mulheres, duas militares, uma economista e uma engenheira, farão parte da equipe de transição.
Por enquanto, a mesma é formada por cerca de 30 especialistas, economistas e militares na maioria, mas Bolsonaro poderá nomear até 50 por lei.
Questionado no dia anterior sobre se alguma mulher comandaria algum dos ministérios, disse que "com certeza", embora tenha minimizado a importância da representatividade de gênero e racial no poder.
Nesta quarta-feira, ele reiterou a postura: "Não estou preocupado com a cor, sexo ou sexualidade de quem está na minha equipe, mas com a missão de fazer o Brasil crescer, combater o crime organizado e a corrupção, dentre outras urgências", tuitou.
Líder da bancada ruralista no Congresso, cujo apoio foi fundamental na vitória eleitoral de Bolsonaro, Tereza Cristina da Costa estará à frente de uma pasta importante no Brasil, uma das maiores potências agrícolas do mundo.
Com ela, são seis os ministros nomeados por Bolsonaro até agora: o liberal Paulo Guedes no superministério de Economia, o juiz federal Sérgio Moro no de Justiça e Segurança Pública, o deputado Onyx Lorenzoni na Casa Civil, o astronauta Marcos Pontes em Ciência e Tecnologia, e o general do Exército na reserva Augusto Heleno em Segurança Institucional.
- Planos confusos -
Durante a campanha, Bolsonaro prometeu reduzir o número de ministérios no âmbito de um plano de corte de gastos do Estado.
Mas, depois da sua vitória, seus anúncios geraram polêmica e confusão.
Nesta quarta-feira, anunciou a supressão do Ministério do Trabalho, que será "incorporado" a alguma outra pasta, segundo disse, mas sem especificar qual.
Na terça, quando já circulavam versões sobre o seu desparecimento, o atual ministério e a Força Sindical, uma das principais centrais sindicais no país, manifestaram o seu repúdio a essa iniciativa.
Segundo a imprensa, a equipe de Bolsonaro minimiza a fusão do Ministério do Trabalho com o de Indústria e Comércio Exterior.
Em princípio, o capitão na reserva afirmou que cortaria o número de ministérios de 29 para 15, mas nesta quarta sugeriu que esse número poderá subir para 18.
Em 30 de outubro, o presidente eleito anunciou que faria a fusão dos ministério de Agricultura e Meio Ambiente, mas em meio à onda de críticas de setores ambientalistas, e inclusive de representantes do agronegócio, voltou atrás dias depois.
O general na reserva Augusto Heleno, nomeado nesta quarta em Segurança Institucional, havia sido inicialmente designado para Defesa.
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