Um dos argumentos usados pela Polícia Federal para pedir a prisão do vice-governador Antonio Andrade (MDB) é de que a indicação dele para ser vice na chapa do governador Fernando Pimentel (PT)| fazia parte do esquema de pagamento de propina, encabeçado pelo deputado cassado Eduardo Cunha.
Para que o nome de Andrade fosse viabilizado, Cunha pediu aos executivos Joesley Batista e Ricardo Saud, da JBS, que repassassem R$ 30 milhões para financiar as campanhas dos candidatos a deputado do MDB, à época ainda com a sigla PMDB.
“O então deputado federal Eduardo Cunha, intermediário da suposta empreitada criminosa, também teria pedido a Joesley Batista e Ricardo Saud a importância de $ 30 milhões , para que fossem destinados ao financiamento de campanhas de deputados estaduais e federais do PMDB, que indicariam Antonio Andrade como vice, para compor chapa da eleição de Fernando Pimentel a governador do estado. Os referidos valores pecuniários teriam sido operacionalizados por Lúcio Bolonha Funaro, sob orientação de Antonio Andrade”, argumenta a PF no pedido encaminhado à desembargadora Monica Sifuentes.
A reportagem tentou contato com o MDB de Minas, mas ninguém foi encontrado para comemtar
Em nota, a assessoria de Antonio Andrade afirmou que ele está colaborando com a operação e assim que se inteirar de todo o teor da denúncia vai se manifestar sobre o caso. “Haverá manifestação tão logo a defesa tome conhecimento do conteúdo do inquérito. Durante o depoimento, Antônio Andrade respondeu tudo o que lhe foi perguntado e colaborou com o trabalho da Polícia Federal”.
A Operação batizada de Capitu se baseou em delação do doleiro Lúcio Bolonha Funaro – ligado ao MDB – sobre supostos pagamentos de propina a servidores públicos e agentes políticos que atuavam direta ou indiretamente no Ministério da Agricultura em 2014 e 2015.
Em troca de medidas que beneficiassem a JBS foram pagos pelo menos R$ 37 milhões em propinas. A maior parte, R$ 30 milhões, foi paga durante a gestão de Antonio Andrade.
Ao longo do trabalho da Polícia Federal, foram apurados outros crimes. Além da propina paga ao MDB, a JBS teria pago de R$ 2 milhões para que o Ministério da Agricultura regulamentasse a exportação de despojos (parte de gado bovino que é consumido basicamente no mercado asiático) de forma a limitar a atuação de pequenos frigoríficos.
Outros R$ 5 milhões foram pagos pela JBS para que o ministério instaurasse um ato normativo proibindo o uso no gado do antiparasitário ivermectina – a medida atendia a uma reclamação de importadores norte-americanos, que se queixaram da alta concentração do remédio encontrada na carne.
“Esse grupo dependia de normatizações e licenciamentos do ministério e teria passado a pagar propina a funcionários do alto escalão da pasta em troca de atos de ofício, que proporcionariam ao grupo a eliminação da concorrência e de entraves à atividade econômica, possibilitando a constituição de um monopólio de mercado”, informou a Polícia Federal.