Jornal Estado de Minas

Zé Dirceu ataca 'modelo Guedes' de Bolsonaro, fala em avaliação ao PT e prega oposição com demais partidos

José Dirceu autografou livro que escreveu enquanto esteve preso em decorrência da Operação Lava-Jato - Foto: Marcos Vieira/EM/D. A PressO ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, recomendou que o Partido dos Trabalhadores faça uma avaliação de seus erros e do quadro político para se reconectar com sua base social e ‘saber fazer oposição’ ao governo de Jair Bolsonaro (PSL), que assume o Palácio do Planalto no próximo ano. Em Belo Horizonte para o lançamento de sua autobiografia, ‘Zé Dirceu - Memórias, volume 1’, nesta terça-feira, o ex-presidente do PT fez críticas ao capitão da reserva e ao modelo de governo dos futuros ministros. “O Brasil não cabe nesse modelo econômico do (Paulo) Guedes”, disse, lembrando a crise vivida pela Argentina.

Para Dirceu, os votos que levaram Fernando Haddad à disputa com Bolsonaro, mais os votos recebidos no segundo turno das eleições, apontam o PT como oposição principal ao próximo presidente. O ex-ministro indicou que o Partido dos Trabalhadores se distanciou de parte da população quando esteve no governo e não conseguiu conter o avanço da ‘direita’. “Temos que fazer uma avaliação de porque aconteceu isso. Onde estávamos quando chegou um WhatsApp com ‘fake news’ nas famílias. Nós não estávamos lá.”

Fazendo ressalvas quanto ao perfil do capitão da reserva, Dirceu apontou que, nos próximos anos, é preciso se opor às ideias prejudiciais ao país. “A questão de como retomar a luta é essencial.
Não podemos errar. Porque não estamos tratando de qualquer adversário. Ele vai governar, então deixa ele governar, e que decida e tome suas decisões. Haverá luta, haverá oposição na sociedade.”

Segundo Dirceu, o presidente eleito e sua cúpula não estão preocupados com o desenvolvimento nacional. O ex-ministro atacou os planos idealizados pelo próximo governo, dizendo que os primeiros cortes são na classe mais baixa e nos trabalhadores e disse que Bolsonaro é a continuidade do governo de Michel Temer.

“A verdade é a seguinte. Deixa ele governar. Ele que implantar essas medidas, nós vamos fazer oposição, em todos os sentidos.
Parlamentar, nas ruas, temos que garantir o direito de manifestação, de expressão, de opinião, de greve. Temos que lutar para garantir as liberdades e acredito que há uma barreira aí”, comentou. Dirceu ainda conclamou os demais partidos que farão oposição a, mesmo que sem uma ‘frente única’, estejam alinhados por propostas contrárias às de Bolsonaro.

“Temos que saber fazer oposição. Não podemos cair em provocação”, comentou o ex-ministro, reafirmando a necessidade de união na oposição. “Podemos nos unir sempre, porque temos causas comuns básicas. Agora, mais do que nunca. Não é apenas a questão da distribuição da riqueza do país e do acesso aos serviços e renda. É a questão do projeto de soberania nacional, da democracia e da liberdade.
Não pensem que o Lula é o último, ele é o primeiro. Já conhecemos ditadura no Brasil, sabemos como é isso”, finalizou..