Em mais uma rodada de críticas à contratação de profissionais cubanos pelo programa Mais Médicos, o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) jogou a responsabilidade para os prefeitos. Sem citar nomes, ele afirmou que algumas prefeituras dispensaram médicos para se ver livres dos gastos com profissionais de saúde – o Mais Médicos é bancado pelo governo federal. Na quarta-feira, o governo de Cuba anunciou a saída do programa, o que levou Bolsonaro a elevar o tom das críticas e o governo Temer a anunciar a publicação de edital para contratação de médicos brasileiros para substituir os cubanos.
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O presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Glademir Aroldi, evita polemizar com Bolsonaro.
Dados da CNM apontam que moradores de 1.575 municípios brasileiros são atendidos exclusivamente por médicos cubanos. A saída dos caribenhos do programa é motivo de grande preocupação para os prefeitos, afirmou Aroldi. “A gente precisa respeitar a decisão do governo de Cuba, mas temos que encontrar um caminho com diálogo e disposição”. Em Minas Gerais, são 596 profissionais cubanos, o quarto maior estado a abrigar os estrangeiros no programa, atrás apenas de São Paulo (1.394), Bahia (822) e Rio Grande do Sul (617).
Na quarta-feira, o governo de Cuba rompeu a participação do país no programa. A justificativa do país caribenho são declarações “depreciativas e ameaçadoras” feitas por Bolsonaro, que questionou a formação dos médicos e condicionou a permanência deles no programa a uma revalidação do diploma. Ontem, Bolsonaro disse que o presidente Michel Temer está tratando do assunto.
O presidente eleito voltou a chamar o regime de trabalho dos cubanos no Brasil de “escravidão” e afirmou que será possível substituir os profissionais se for oferecido “tratamento adequado”. “Não podemos admitir escravos cubanos trabalhando no Brasil e não podemos continuar financiando a ditadura de Cuba”, completou o futuro presidente.
ESPORTE Ao participar da etapa do Rio de janeiro do torneio mundial de jiu-jítsu, Bolsonaro contou que ainda não escolheu um nome para o Ministério do Esporte, que, segundo ele, terá espaço de destaque em seu governo. O presidente disse que ainda estuda a possibilidade de fusão da pasta com o Ministério da Educação. “Falo uma coisa aqui e lá na frente falam que estou recuando. Estamos definindo essas coisas todas.”
Bolsonaro disse desconhecer as informações de que a futura ministra da Agricultura, Tereza Cristina, foi mencionada na delação premiada dos executivos da JBS. Reportagem publicada pelo jornal Folha de S.
Durante o evento, Bolsonaro se encontrou com o cônsul geral dos Emirados Árabes Unidos, Ibrahim Al Alawi, que o convidou para visitar o país. Saudado pelo público, Bolsonaro participou da premiação de três atletas. Durante a campanha, ele recebeu apoio da Federação de Jiu-Jítsu e chegou a ser agraciado com uma faixa preta pelo presidente da entidade, Robson Gracie. Antes de retornar para casa, o presidente eleito parou em um quiosque na orla da Barra da Tijuca, na altura do Posto 4, perto de sua residência.
Bolsonaro volta a Brasília amanhã para nova rodada de encontros com autoridades, políticos e integrantes da equipe de transição de governo. Esta é a terceira viagem à cidade depois de eleito. Nos últimos dias, Bolsonaro se reuniu com Michel Temer, presidentes de tribunais superiores e comandantes das Forças Armadas. Ele também participou no Congresso Nacional de solenidade em comemoração aos 30 anos da Constituição Federal. (Com agências)