Líder da igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo, o pastor Silas Malafaia, de 60 anos, acredita que a guinada à direita do País, com Jair Bolsonaro (PSL) na Presidência e um Congresso mais conservador, irá possibilitar que pautas como a Escola sem Partido, a redução da maioridade penal e a manutenção da criminalização do aborto (esta, hoje na esfera do Supremo Tribunal Federal) prosperem na Câmara dos Deputados e no Senado.
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O senhor acredita que com Bolsonaro no Planalto a "agenda moral" defendida pelos políticos evangélicos vai prosperar?
Ele foi eleito pelo discurso de combate à corrupção e ao crime organizado, para enxugar a máquina. As prioridades são emprego, violência, desburocratização. Não é a agenda religiosa.
Dessas pautas, quais considera as mais urgentes?
Não tem demanda imediatista. Endurecer em relação à corrupção, baixar a maioridade penal, aprovar o (projeto) Escola sem Partido (que, em linhas gerais, propõe neutralidade na educação e uma série de restrições a professores quando abordarem assuntos relacionados à política, religião ou ideologias).
Acredita que a descriminalização do aborto irá para o Congresso?
É uma vergonha o Judiciário querer legislar, uma afronta à sociedade aprovarem aborto na caneta. Esta é a questão que mais defendemos. Se o (ministro Luís Roberto) Barroso continuar falando as asneiras que já falou, eu tenho que rir. O direito à vida é a mãe de todos os direitos.
O senhor defende a maioridade penal aos 15 anos, antes até da idade proposta pelo Bolsonaro.
A molecada está de fuzil M82, que fura parede. Tem que aprender que se cometer crime, vai preso. Um cara de 17 anos, que faz filho, não pode ser responsabilizado criminalmente? Os verdadeiros vagabundos botam nas costas deles.
Qual foi o peso do eleitorado evangélico para Bolsonaro?
Os evangélicos se sentem representados por ele. Ele é católico e a maioria no Brasil é cristã. Eu disse em março que teria 80% do voto evangélico. A guinada à direita vai ser longa. Bolsonaro está com uma gana de acertar danada, me disse: 'Se eu errar, aquela esquerda miserável vai voltar'. O Brasil estaria perdido.
O senhor pediu votos para Bolsonaro mesmo tendo se desentendido com ele e declarado que ele não tem capacidade para ser presidente.
Se eu não tivesse mudado de ideia, não teria apoiado. O povo brasileiro há um ano e meio não achava que ele tinha capacidade, vai ver a pesquisa como era. Ninguém acreditava nele. Eu posso discordar de uma pessoa, e eu discordo muito dele. Não sou estúpido.