Considerado o responsável pela campanha de Jair Bolsonaro nas redes sociais, Carlos Bolsonaro, um dos filhos do presidente eleito, anunciou nesta quinta-feira, 22, que deixou a equipe de transição. A decisão ocorreu após uma desavença com o futuro titular da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gustavo Bebianno. Vereador licenciado da Câmara Municipal do Rio, Carlos era cotado para assumir a Secretaria de Comunicação da Presidência.
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Carlos Bolsonaro diz no Twitter que não comanda mais redes sociais do paiBolsonaro nega que o filho Carlos terá cargo no governo federalGeneral Santos Cruz é novo secretário de Segurança Pública, diz Carlos BolsonaroCom inflamação, cirurgia de Bolsonaro é adiada, informa boletim médicoBolsonaro deixa o Hospital Albert Einstein em SP"Caráter não se negocia. Quando há compulsão por aparecer a qualquer custo, sempre tem algo por trás. Somos humanos e falhamos, mas a procura por holofote é um péssimo indicativo do que se pode esperar de um indivíduo. Jamais trairei meus ideais", escreveu Carlos, que também informou que estava se afastando da gerência das contas das redes sociais do pai - tarefa que havia assumido há cerca de dez anos e que foi vista como fundamental para a vitória de Bolsonaro na disputa presidencial.
Após admitir que poderia nomear Carlos para o posto, Bolsonaro praticamente descartou essa possibilidade na quinta-feira. Segundo ele, o filho é uma pessoa "extremamente competente", mas a nomeação poderia ser vista como nepotismo.
Assessores do gabinete de Carlos vinham estudando legislações brasileiras que tratam de nepotismo e decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), inclusive a que analisou o caso do filho do prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB). Um advogado também chegou a ser consultado pelo gabinete do vereador.
Em três semanas de transição, Bolsonaro não indica que vai abandonar o modelo de comunicação da campanha e ignora a estrutura convencional da Presidência da República. Ele costuma não dar ouvidos a auxiliares que recomendam a escolha imediata de um porta-voz e de um assessor de imprensa, dizem os aliados. O principal canal de informação continua sendo as redes sociais, principalmente o Twitter. Na noite de quinta, ele usou a plataforma para anunciar que o professor Ricardo Vélez Rodríguez será o futuro ministro da Educação.
Conselheiro
A expectativa entre auxiliares de Carlos Bolsonaro era de que ele se tornasse uma espécie de conselheiro do pai na área.
Para um assessor próximo, "o copo estava na metade, encheu e transbordou". Carlos, segundo interlocutores, teria se irritado com o fato de pessoas assumirem para si trabalhos na campanha que ele havia desenvolvido. Por isso ele resolveu tirar licença não remunerada da Câmara Municipal do Rio em agosto. Seu objetivo era renovar a licença até que as nomeações de cargos do governo fossem definidas.
No último dia 12, Carlos apresentou mais uma renovação no prazo de seu afastamento, mas o plano foi interrompido na quarta-feira. Por meio do Twitter, Carlos anunciou que vai voltar à Câmara na semana que vem.
Irritado, ele deixou Brasília na quarta e viajou para Santa Catarina, onde treinaria em um clube de tiro, um dos seus passatempos favoritos. Carlos deverá ficar no Estado até o início da próxima semana, quando deve retornar aos trabalhos na Câmara Municipal, conforme assessores.
Aliados e familiares comentam que a única medida que faria Carlos mudar de ideia e retomar seu plano original de auxiliar o pai seria que Bolsonaro diminuísse o poder de Bebianno, o que parece improvável.