Jornal Estado de Minas

Minas vira base do Novo, partido do governador eleito Romeu Zema


A cúpula do partido Novo assumiu postos-chave na transição de governo em Minas Gerais para montagem do secretariado do empresário Romeu Zema e na renegociação de dívida junto à União, hoje em cerca de R$ 90 bilhões. O presidente nacional do partido, João Amoêdo, viaja pelo menos uma vez por semana para Minas para reuniões – a mais recente ocorreu na terça-feira passada. Nas finanças, o ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco, coordenador econômico do Novo, passou a exercer a mesma função na equipe do governador eleito em Minas para articulações sobre o passivo do estado em Brasília.

A renegociação da dívida é vista por Romeu Zema como ponto crucial. A Lei das Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2019 enviada pelo atual governador, Fernando Pimentel (PT), à Assembleia Legislativa prevê déficit de R$ 5,6 bilhões para o período. Desde fevereiro de 2016, o funcionalismo público mineiro recebe os salários de forma escalonada. Nas reuniões com representantes do governo federal, Gustavo Franco, que já foi filiado ao PSDB, discute com técnicos medidas que podem ser tomadas pelo estado para que, em contrapartida, a dívida seja renegociada.

A concentração de esforços em Minas ocorre porque o estado é o primeiro a ser governado pelo Novo, e a avaliação é de que uma administração bem conduzida no Palácio Tiradentes, na Cidade Administrativa, sede do governo mineiro, no Bairro Serra Verde, Zona Norte de Belo Horizonte, pode abrir espaço nacional para a legenda nas eleições seguintes. “Um bom governo demonstra definitivamente que é possível uma nova forma de governar. Será fabuloso para o Novo, mas será também muito bom para o Brasil, e ficará claro que não é preciso depender de velhas oligarquias da política”, diz o vereador Mateus Simões, coordenador da equipe da transição de Zema.

Apesar de ter vencido a disputa no segundo maior colégio eleitoral do país, o Novo, criado em 2011, é um partido ainda em “fase de testes”.
A sigla teve registro aprovado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2015. Nas eleições municipais de 2016, quatro vereadores venceram a briga para Câmaras de Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. Em outubro, a legenda conseguiu eleger oito deputados federais, 11 estaduais e um distrital.



As reuniões de Zema e Amoêdo em Minas Gerais têm como principal objetivo definir ações para os 100 primeiros dias de governo. Ainda na área política, segundo o coordenador da equipe de transição do governador eleito, a expectativa é de que todo o secretariado seja anunciado até 15 de dezembro. A escolha não será divulgada em bloco. “A decisão tomada é no sentido de divulgar cada nome por área temática”, afirmou Simões.

SECRETÁRIOS Zema anunciou na última sexta-feira os primeiros nomes de seu secretariado. O contador Gustavo Barbosa assumirá a pasta da Fazenda e o engenheiro Otto Alexandre Levy Reis, a de Planejamento e Gestão.
Gustavo Barbosa é natural de Uberaba, no Triângulo Mineiro, e foi secretário de Finanças e Planejamento do estado do Rio de Janeiro, de julho de 2016 a fevereiro passadao, na gestão de Luiz Fernando Pezão (MDB). Ele é formado em ciências contábeis e pós-graduado em gestão executiva de fundos de pensão. Otto Levy Reis, natural de Belo Horizonte, foi chief operating officer da Magnesita Refratários. Graduado em engenharia metalúrgica pela UFMG, foi vice-presidente de Gente e Gestão, vice- presidente Comercial e de Marketing da mesma empresa.

Assim como na iniciativa privada, Zema escolheu seus secretários por recrutamento amplo, coordenado por empresa de recursos humanos, que presta o serviço voluntariamente. Durante a campanha eleitoral, Zema anunciou a redução das 21 secretarias para nove.

Com a definição dos principais secretários, a expectativa agora é de que as próximas agendas em Brasília para discussão da dívida já devem ser feitas com Gustavo Barbosa. Segundo Mateus Simões, as negociações com Gustavo Franco à frente já estão adiantadas e que, agora, é preciso ter o diagnóstico financeiro do estado em mãos para que se possa definir as propostas necessárias..