Brasília – Em nova rodada de anúncio de integrantes de seu governo, o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) divulgou ontem mais três futuros ministros – o deputado federal mineiro Marcelo Álvaro Antônio (PSL) para o Turismo, o também deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) para Cidadania e Gustavo Henrique Canuto, atual secretário-executivo do Ministério da Integração Nacional, para a pasta de Desenvolvimento Social. Após divulgar os nomes, Bolsonaro afirmou que poderá ter até 22 ministérios em seu governo, sete a mais do que os 15 previstos inicialmente.
A última pasta, segundo o presidente eleito, poderá ser o Ministério das Mulheres, a partir de um pedido da bancada feminina no Congresso Nacional. Atualmente, o governo tem 29 ministérios. “Houve um apelo por parte da bancada feminina, grande parte presente aqui”, afirmou, pouco antes de deixar o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, para retornar ao Rio de Janeiro.
"Queremos um direitos humanos de verdade, não esse que está aí, que não tem qualquer eco na sociedade brasileira"
Jair Bolsonaro, presidente eleito ao dizer que o total de ministérios pode chegar a 22, sete a mais que os 15 previstos
De acordo com Onyx Lorenzoni, futuro ministro-chefe da Casa Civil e coordenador da transição, a pasta reivindicada pela bancada feminina poderá ser a manutenção do atual Ministério dos Direitos Humanos, que cuida das políticas de igualdade racial, população LGBT e mulheres. “Queremos um direitos humanos de verdade, não esse que está aí, que não tem qualquer eco na sociedade brasileira”, disse Bolsonaro, ao se referir à possibilidade de manutenção da pasta.
Até agora, incluindo Banco Central e Advocacia-Geral da União (AGU), foram anunciados 19 ministérios do futuro governo. Ainda faltam as indicações para o Meio Ambiente e Minas e Energia. Segundo o presidente eleito, os nomes serão anunciados na semana que vem. “Na semana que vem saem os demais ministérios”, disse. Bolsonaro informou que para o Meio Ambiente, a demora no anúncio se deve a conversas e acertos, e citou a indicação de um terceiro nome nos últimos dias, que ele está avaliando.
De acordo com Onyx Lorenzoni, quando for aprovada a independência do Banco Central, o órgão não terá mais status de ministério. Sobre a AGU, o governo ainda poderá avaliar se manterá o status de primeiro escalão, como ocorre hoje.
MAIS VOTADO Marcelo Álvaro Antônio, de 44 anos, é o segundo nome do partido de Bolsonaro confirmado para um ministério – Gustavo Bebianno, ex-presidente do partido, será ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, e o segundo mineiro na futura Esplanada. Wagner Rosário, atual ministro da Transparência e Controladoria-Geral da União (CGU) no governo Temer, é natural de Juiz de Fora (MG) e permanecerá na CGU.
Outros dois mineiros também já foram anunciados para compor o governo: o presidente da Localiza, Salim Mattar, na Secretaria de Privatizações, subordinada ao ministério da Economia, e o deputado federal Marcos Montes (PSD), como secretário-executivo da Agricultura.
Marcelo Álvaro atuou durante o período eleitoral como coordenador dos trabalhos de campanha de Bolsonaro no estado. Segundo o coordenador da transição e futuro ministro da Casa Civil, deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), o nome do mineiro teve amplo apoio do setor. “(O nome de Marcelo) Foi apoiado por todo segmento de turismo e pelos integrantes da Frente Parlamentar do Turismo. Todos estiveram prestando solidariedade à escolha do ministro”, afirmou.
Escolhido por mais de 230 mil eleitores, o deputado foi o recordista de votos no estado nas eleições de outubro para a Câmara dos Deputados alavancado pela proximidade com o presidente eleito. Em 2014, Marcelo Álvaro, então no PRP, foi o 49ª da lista de 53 deputados eleitos por Minas Gerais. Na ocasião, ele recebeu 60.384 votos – quase quatro vezes menos que o número registrado em 2018. Ele ingressou na política em 2012, quando foi eleito vereador de Belo Horizonte, cidade onde nasceu.
SOCIAL E DROGAS A futura pasta da Cidadania, que será comandada por Osmar Terra vai abrigar os atuais ministérios do Desenvolvimento Social, Cultura e Esporte. O ministério será responsável por gerir o Bolsa-Família e outros programas sociais como o Criança Feliz. Terra disse que a Cidadania pode ficar com algumas atribuições do atual ministério do Trabalho, mas não soube detalhar de que forma isso acontecerá.
O deputado foi ministro de Michel Temer no Desenvolvimento Social e deixou o cargo em abril para concorrer à reeleição na Câmara. O nome dele é uma indicação da bancada social, que reúne parlamentares dessa área na Casa. O presidente da frente parlamentar evangélica, deputado federal Takayama (PSC-PR), afirmou que a indicação do parlamentar é da cota do presidente eleito e não da sua bancada. “Isso é cota dele. Da frente não é”, disse o parlamentar ao sair de reunião no governo de transição. “Mas se agrada a Bolsonaro, agrada à frente.”
Terra tem um histórico de críticas a propostas que visam legalizar ou descriminalizar o uso de drogas no Brasil e se posiciona de forma contundente contra a legalização da maconha em uma série de publicações. No guarda-chuva da pasta a ser comandada por ele, estará parte da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad), hoje no Ministério da Justiça.
Também a ser criado, o Ministério do Desenvolvimento Regional reunirá Integração Nacional e Cidades. Com isso, Gustavo Canuto, que, segundo postou Bolsonaro no Twitter, tem “ampla experiência” adquirida no Ministério do Planejamento, de onde é servidor efetivo, será responsável por administrar um dos mais importantes programas do governo federal, o Minha casa, minha vida.
EUA Por volta das 18h, Bolsonaro decolou da Base Aérea de Brasília para retornar ao Rio de Janeiro. Ele chegou ontem à capital federal para reuniões com a equipe de transição. Hoje, ele terá um encontro com o assessor de segurança nacional dos Estados Unidos, John Bolton. “Felizmente elegemos um presidente que não é inimigo dos EUA”, disse Bolsonaro ao deixar o CCBB.