A Direção Nacional do PT deve retirar de sua resolução política, a ser aprovada nesta sexta-feira, 30, críticas à gestão da ex-presidente Dilma Rousseff, que teve o mandato interrompido após um processo de impeachment em 2016. Os dirigentes e integrantes do partido se reúnem em Brasília até este sábado, 1º, para discutir rumos e estratégias após a eleição de Jair Bolsonaro para presidente da República.
O documento de mais de 70 itens elaborado inicialmente - por uma comissão composta por integrantes de todas as correntes petistas - fazia autocrítica à política econômica de Dilma e seu ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy, hoje indicado para ser o novo presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na gestão de Bolsonaro. Mas, após divergências internas, o partido deve usar o texto para fazer uma "avaliação do processo eleitoral" de 2018 e focar em estratégias de oposição ao novo presidente.
As alterações no documento partiram, principalmente, de pressão exercida por integrantes da corrente majoritária denominada Construindo Um Novo Brasil (CNB). Os membros desse grupo avaliam que o primeiro documento não conversava com a sociedade e tratava o PT apenas como "derrotado" em 2018. Para esses líderes da CNB, o partido precisa traçar diretrizes sobre futuro que tenha o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, como nova liderança política.
Um dos autores da nova resolução é Luiz Dulci, ex-ministro-chefe da Secretaria-Geral na gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Queremos um texto mais enxuto para ser mais contundente na nossa mensagem junto à sociedade, então houve uma tentativa tanto do Dulci e de outro grupo na tentativa de apresentar um terceiro texto. Queremos que (o texto) se situe mais na avaliação do processo eleitoral, características do governo Bolsonaro e na nossa posição: o que vamos fazer. Não queremos um texto que analise os governos anteriores. Por isso, a apresentação de um texto alternativo, mas sem demérito do texto que foi apresentado", disse a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, antes de amenizar as divergências. "O PT está com muita unidade política na leitura do momento, do que foi as eleições e de como a gente tem que se posicionar perante o governo", complementou.
No documento preliminar, ao qual a reportagem teve acesso, o partido também tentava demarcar diferenças em relação a outros setores da centro-esquerda. O partido prometia, por exemplo, "oposição global" ao governo eleito, alfinetava setores da esquerda que se recusaram a apoiar Fernando Haddad no segundo turno da disputa presidencial, mas admitia que opositores de diferentes matizes podiam "coexistir". Como o texto final ainda não foi divulgado, não se sabe até o momento se essas posições permanecem.
A reunião do Diretório do PT deve durar todo o dia e continuar também no sábado, 1º, em hotel na capital federal. Além de Gleisi Hoffmann, participam do encontro lideranças como a ex-presidente Dilma Rousseff, o senador eleito pela Bahia, Jaques Wagner, e o deputado federal eleito Rui Falcão, além de senadores e deputados da sigla.
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