O presidente eleito Jair Bolsonaro anunciou ontem mais um militar para compor o seu ministério: o almirante Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Júnior, que vai assumir a pasta de Minas e Energia. Com isso, já são cinco os militares que ocuparão a Esplanada a partir de janeiro. Nos três últimos governos da ditadura, encerrada em 1985, apenas o presidente João Batista Figueiredo teve tantos ministros militares. Seus antecessores, Ernesto Geisel e Emílio Garrastazu Médici, contaram com quatro militares em seu governo.
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Bolsonaro diz que não repassará recursos de multas ambientais para ONGs 'Calço 42, cada um que pague pelos seus crimes', diz Bolsonaro sobre PezãoBolsonaro: vamos conversar com líderes partidários a partir da semana que vemNo governo Geisel (15 de março de 1974 a 14 de março de 1979) foram nomeados ministros os militares Golbery do Couto e Silva (Gabinete Civil), Ney Braga (Educação), Euclides Quandt de Oliveira (Comunicações) e Dyrceu Araújo Nogueira (Transportes). Já o governo Médici (30 de outubro de 1969 a 15 de março de 1974) teve Jarbas Passarinho na Educação, Hygino Caetano Corsetti nas Comunicações, José Costa Cavalcanti no Ministério do Interior, e Mário Andreazza na pasta de Trabalho e Previdência Social.
Ontem, após participar de agenda em Guaratinguetá (SP), Bolsonaro afirmou que poderá escolher mais militares e que as indicações ocorrem com base no currículo dos indicados.
A nomeação de Costa Lima, de 60 anos, para Minas e Energia deve fortalecer o desenvolvimento da tecnologia nuclear no país. O almirante ocupa o cargo de diretor-geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha.
“(Costa Lima) É um almirante, só ver o currículo dele. Ele é físico, uma pessoa honrada e que está com muita vontade de buscar soluções para questões graves que temos pela frente, entre as quais a de energia. Não podemos esperar um novo apagão para tomar providência”, disse Bolsonaro.
No governo, o almirante deverá dar um destino às obras paralisadas da usina de Angra 3. Projeto do período militar, Angra 3 começou a ser erguida em 1984. Suas obras ficaram paralisadas por 25 anos, até serem retomadas em 2009 pelo ex-presidente Lula.
Até agora, Bolsonaro anunciou 20 ministros. Na campanha, ele dizia que faria um governo com apenas 15 pastas. O número de ministérios pode, no entanto, chegar a pelo menos 22. Além da pasta de Direitos Humanos, Família e Mulheres, o presidente eleito deve anunciar o escolhido para o Meio Ambiente. Bolsonaro ainda analisa se mantém como ministérios Trabalho e Indústria e Comércio.
DIREITOS HUMANOS Depois de rejeitar nomes defendidos pela bancada evangélica para o novo Ministério da Cidadania, Bolsonaro convidou a advogada e pastora Damares Alves para chefiar o a futura pasta de Direitos Humanos, Família e Mulheres. O detalhe é que Damares é assessora lotada no gabinete do senador Magno Malta (PR-ES), um dos políticos mais próximos de Bolsonaro na campanha, que espera um convite para compor o primeiro escalão. O parlamentar não conseguiu se reeleger em outubro.
Para boa parte dos 88 deputados federais e quatro senadores da bancada evangélica, a escolha de Damares “atravessou” os lideres do grupo e foi uma “afronta” e “ingratidão” a Magno Malta. Em Cachoeira Paulista (SP), onde visitou o Santuário da Canção Nova, Bolsonaro disse a jornalistas que Malta não ficará “abandonado”, mas que não deve assumir um ministério.
“Infelizmente, os ministérios estão se esgotando”, declarou o presidente eleito. “Não fiz campanha prometendo absolutamente nada para ninguém, pretendemos aproveitar as boas pessoas, agora não podemos dar ministério para todo mundo”, disse. O senador enfrenta forte resistência do núcleo militar do governo de transição. O grupo reitera que o senador não agrega à equipe ministerial.
'INDULTO ZERO' Questionado sobre o decreto do indulto assinado pelo presidente Michel Temer, Bolsonaro garantiu que em seu governo não assinará nenhum indulto e fará com que condenados por corrupção cumpram a pena integralmente. “Já que indulto é um decreto presidencial, a minha caneta continuará com a mesma quantidade de tinta até o final do meu mandato em 2022. Zero indulto”, declarou.
Sobre a prisão do governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (MDB), o presidente eleito disse que, se o político for culpado pelos crimes dos quais é acusado, não lamenta a prisão. “Eu calço 42. Cada um que pague pelos seus crimes”, afirmou, em Guaratinguetá, ao ser questionado sobre a prisão de Pezão.
INTERVENÇÃO NO RIO Em outra entrevista ontem, Bolsonaro afirmou que seu governo não vai prorrogar a intervenção federal na Segurança Pública do Rio. Sinalizou, porém, que poderá manter a Garantia da Lei e da Ordem (GLO), o que manteria as Forças de Segurança no estado.
SURPRESA Durante formatura de 530 sargentos da Escola de Especialistas de Aeronáutica, em Guaratinguetá (SP), o presidente eleito Jair Bolsonaro surpreendeu todos que acompanhavam a cerimônia ao descer da sacada para a área externa e entregar o Prêmio Força Aérea Brasileira (FAB) a dois sargentos formados. O comandante da FAB, tenente-brigadeiro do ar Nivaldo Luiz Rossato, havia sido chamado pelo mestre de cerimônias, mas Bolsonaro fez questão de fazer a entrega. .