São Paulo – Futuro ministro da Justiça, Sérgio Moro tem trabalhado para aprovar no Congresso, ainda em 2018, projeto de lei sobre medidas contra criminosos e empresas envolvidos com a lavagem de dinheiro e o financiamento do terrorismo. O objetivo é evitar que o Brasil entre para a “lista negra” de governos não engajados com a prevenção e o combate a esses crimes e sofra, assim, sanções econômicas e comerciais de países como Estados Unidos e membros da União Europeia.
Nos últimos 10 dias, o ex-juiz da Lava-Jato divide seu tempo entre o estudos de dados do governo e a composição da equipe com a tarefa estritamente política de negociar com deputados e senadores a votação e aprovação do projeto de lei.
Espécie de fórum intergovernamental mundial com sede na Suíça, o Gafi comunicou o Brasil em 2010 de suas deficiências na adoção das resoluções a serem adotadas pelos seus integrantes. Em junho, o país foi advertido de que o não cumprimento das recomendações poderia resultar em sanções, como a expulsão.
Em 2015, o governo Dilma Rousseff aprovou a Lei 13.170/2015, que adequou boa parte das leis às exigências internacionais para desarticular o trânsito de dinheiro ilegal pelo mundo. Mas sanções decorrentes de resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas ficaram em aberto. O Projeto de Lei 10.431/2018 foi apresentado ao Congresso para sanar essa lacuna.
URGÊNCIA Nomeado coordenador do grupo técnico de Justiça, segurança e combate à corrupção do gabinete de transição no último dia 20, Moro iniciou sem alarde os trabalhos nos bastidos para convencer o Congresso da importância da aprovação da lei ainda este ano. No mesmo dia, a Câmara dos Deputados aprovou requerimento de urgência de plenário para o projeto.
Um dos interlocutores de Moro teria sido o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Além dessa proposta, os dois conversaram sobre outros temas polêmicos, como alterações nas leis de execução da pena.
A costura política com o Congresso envolve ainda a aprovação do projeto no Senado, sem emenda, para que não tenha de passar mais uma vez pela Câmara e a sanção pelo presidente da República. O ex-juiz tem reforçado os riscos para a economia e para os negócios no Brasil, caso o Gafi promova sanções ao país.
Se for suspenso do grupo e receber uma classificação de país de alto risco ou não cooperativo, operações de bancos estrangeiros poderiam ser suspensas, com o registro de fuga de recursos internacionais, sanções em negócios internacionais e aumento do prêmio do chamado risco-país, entre outras.