O encontro nacional do PT que terminou ontem, ora, quem diria, tucanou. A primeira versão do documento que os petistas fariam era muito mais enfática em relação às autocríticas que vinham dos cabeças pretas do partido, os mais jovens. Eles tanto discutiram que voltaram atrás e decidiram amenizar. Mesmo preso em Curitiba, Lula, pelo jeito, ainda dá as cartas. Bem, para não passar recibo, o encontro do PT decidiu ungir Fernando Haddad “como nova liderança do partido”.
“Não tem autocrítica no texto. O PT faz autocrítica na prática. O PT fez financiamento público de campanha, o PT está reorganizando as bases, o PT está com movimento social. Nós não faremos autocrítica para a mídia e não faremos autocrítica para a direita do país.” Quem não desiste, muito antes pelo contrário, insiste, é a presidente petista, senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR).
Leia Mais
Pedido de prisão de Pezão cita 25 bilhetes com informe de valoresPT rejeita fazer autocrítica em resoluçãoNo dia da posse, Bolsonaro pode fazer trajeto da Esplanada em carro fechadoPercebeu o detalhe? Derrotado nas urnas. Em tradução simultânea, para onde vamos, de onde viemos, nada disso se encaixou no encontro petista. Ficou o dito pelo não dito. Sendo assim, melhor esperar pra ver. Afinal, Fernando Haddad está speaking english no exterior, embora tenha se colocado à disposição do partido.
Enquanto isso, o ex-presidente Lula mandou carta, incluindo, é claro, o já dito e repetido Mano Brown, que defendeu ruas, fábricas e favelas para se conectar com a nova realidade. Bem, quem espera estar livre terça-feira agora para se conectar aos “companheiros” é o próprio Lula. A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) vai julgar mais um recurso dele, aquele que envolve o fato de o ex-juiz Sérgio Moro ter agido “politicamente”.
O ex-presidente foi condenado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) a 12 anos e um mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro e está preso em sala especial da Polícia Federal (PF), em Curitiba.
Cabeça de juiz é sempre prudente esperar para ver o que acontece. Afinal, hoje é domingo, quem sabe os petistas que forem à missa rezem por ele. Ainda mais depois de um encontro como o que fizeram ontem.
Agora é fato
A notícia vem da indicação do almirante de esquadra Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Júnior para comandar o Ministério de Minas e Energia. E ressalta ter sido um recado por causa da disputa política. Estavam cotados o economista Adriano Pires, o engenheiro Paulo Pedrosa e o deputado Jaime Martins (Pros-MG). Só que o verdadeiro motivo que agências de notícias não perceberam não passa pela política, mas pelas Forças Armadas. Das três forças, faltava alguém da Marinha, que não poderia ficar desprestigiada. Daí o almirante de esquadra como ministro de Minas e Energia.
Voto de Putin?
Isso é que é campanha chique.
Haja desafios
No meio do caminho tem a China e os Estados Unidos e o “protecionismo” das relações econômicas mundo afora. Mas, pelo jeito, o motor apagou e criar empregos será um desafio. Afinal, bastam estes dois trechos do documento final da cúpula do G-20 em Buenos Aires. “O comércio e o investimento internacionais são motores importantes de crescimento, produtividade, inovação, criação de empregos e desenvolvimento… Atualmente, esse sistema é insuficiente, e há espaço para melhorá-lo”. Difícil será combinar isso com o presidente americano Donald Trump.
O astronauta
A propósito, a Aeronáutica também tem um só ministro, o de Ciência e Tecnologia, mas como é o tenente-coronel Marcos Pontes, aquele que já tinha viajado pelo espaço em missão oficial da Nasa, ninguém chegou a reclamar. Antes dele e do almirante, os demais futuros ministros militares de Bolsonaro vieram do Exército. Falar nisso, o futuro presidente prestigiou a formatura, na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), dos cadetes, futuros oficiais integrantes das Forças Armadas.
Segundona?
Palestra com o deputado Lucio Mosquini (MDB-RO): “Marketing, comunicação e mandato parlamentar – Lições de 2018 e tendências para 2019”.
PINGAFOGO
Em tempo: ainda sobre o almirante Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Júnior. Ele já ocupou cargos como observador das forças de paz da ONU em Sarajevo e assessor parlamentar do ministro da Marinha no Congresso. Bastaria, mas foi também comandante dos submarinos Tamoio e Toneleiro.
Mais prudente que o deputado Lucio Mosquini (MDB-RO) foi a agenda do Senado. A audiência sobre a retomada das obras da Transnordestina será cedo também, às 9h, mas na terça-feira. Nem vou dizer que é piada pronta, mas as obras estão paradas há quase dois anos.
“Não vou mais admitir o Ibama sair multando a torto e a direito por aí, bem como o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade). Essa festa vai acabar.” É apenas um trecho das declarações de ontem do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL).
Se o futuro ministro da Economia Paulo Guedes está na mira da Polícia Federal (PF) e Jair Bolsonaro diz que “desconhece a acusação”, tucanando mesmo, melhor esperar o resultado das investigações. E nem vou falar que a batata de Guedes pode assar. Ihh! Falei.
Sendo assim, o jeito é encerrar. Afinal, a Defesa Civil de Belo Horizonte já emitiu alerta diante das chuvas, e os termômetros não devem passar de 23 graus. Um bom domingo a todos. Mesmo que cobertores e blusas de frio sejam necessários.
.