Brasília – A menos de um mês para a cerimônia de posse, Palácio do Planalto, Congresso Nacional, Itamaraty e Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI) estão a todo vapor para garantir que nada saia do protocolo durante o evento. A maior preocupação do comitê de organização é em relação à segurança e à saúde de Jair Bolsonaro (PSL). Por isso, ritos tradicionais da cerimônia estão sendo revistos, a começar pelo clássico passeio em carro aberto.
Bolsonaro comentou com a equipe que gostaria de seguir o costume de fazer o trajeto entre a Catedral e o Congresso Nacional no Rolls Royce conversível, veículo utilizado na posse de todos os presidentes do país e em alguns eventos públicos desde 1953. Porém, o desejo do futuro presidente pode não se concretizar. A equipe de segurança analisa a possibilidade de fazer o percurso em carro fechado para minimizar riscos. O que também pode atrapalhar os planos de Bolsonaro é a chuva, frequente em Brasília em janeiro.
O número de pessoas integrando a segurança, em 1º de janeiro, também foi modificado. A expectativa inicial era de que 10 mil homens das Forças Armadas, das polícias Federal, Civil e Militar, e do GSI fariam a segurança do futuro presidente. Porém, com a confirmação da presença do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, essa quantidade deve aumentar. O contingente corresponde a mais do que o dobro de agentes que participaram da posse da ex-presidente Dilma Rousseff, que foi de 4 mil.
ITINERÁRIO O itinerário começa na Granja do Torto, ponto de partida protocolar. Por volta das 15h, Jair Bolsonaro deve sair da residência oficial e seguir pelo Eixão em direção à Esplanada dos Ministérios. Com a esposa, Michelle Bolsonaro, ele se dirigirá à Catedral de Brasília. Apesar da localização, não haverá cerimônia religiosa, como explica Maria Cristina Monteiro, diretora de relações públicas do Senado e coordenadora do grupo de trabalho para a posse no Congresso. “Não tem missa nem culto. Tradicionalmente, (o local de encontro) passou a ser a Catedral porque é um ponto de destaque arquitetônico mesmo”, disse. “Eles vão até lá para se encontrar com a cavalaria, que fica aguardando na Catedral. Na verdade, todo o grupamento militar já fica aguardando ali. Bolsonaro se encontra com o vice, general Hamilton Mourão, e sua esposa, Paula Mourão, e troca de carro. O vice vai em um carro atrás.”
De carro, seja aberto, seja fechado, Bolsonaro fará o trajeto com duração aproximada de 15 minutos até o Congresso. Lá, ele será recebido pelo presidente da Casa, Eunício Oliveira (MDB); pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM); pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, e pelos parlamentares eleitos. Em sessão solene, no plenário da Câmara, Bolsonaro fará o juramento constitucional e será empossado. Terminada essa etapa, ele deve se encaminhar a um gabinete, enquanto espera a formação da guarda.
Como presidente da República, Bolsonaro, então, descerá a rampa do Congresso e ouvirá a execução do Hino Nacional. Depois, passará as tropas em revista, momento em que se tornará chefe de poder das Forças Armadas, e voltará ao carro para fazer um percurso de, aproximadamente, 1 quilômetro até o Palácio do Planalto. No seu futuro local de trabalho, ele receberá a faixa presidencial das mãos de Michel Temer e fará um discurso à nação. A cerimônia seguirá com a posse dos futuros ministros no Salão Nobre. O evento se encerrará à noite, com um coquetel oferecido aos chefes de Estado no Itamaraty.
A expectativa, segundo Maria Cristina, é de que a cerimônia completa da posse seja mais rápida. “Estamos prevendo discursos mais curtos. O próprio presidente eleito já sinalizou que quer uma cerimônia mais rápida. O que delonga são os discursos. O de Dilma, em 2015, durou cerca de 40 minutos, mas depende muito do presidente”, afirmou.
Convite a 192 países
O tradicional encerramento da posse presidencial, no Itamaraty, contará com a presença de autoridades nacionais e estrangeiras. Com a sinalização positiva da equipe de transição, teve início a distribuição dos convites a todos os 192 países com os quais o Brasil mantém relações diplomáticas, incluindo Venezuela, Cuba e outras nações consideradas como ditaduras por Bolsonaro.
Apesar dos fortes boatos nas últimas semanas e da visita do conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Bolton, ao futuro presidente, a presença de Donald Trump na cerimônia de posse pode não se confirmar. De acordo com o embaixador Paulo Uchoa, coordenador de cerimonial da Secretaria-Geral do Gabinete de Transição Governamental, “ele (Trump) não virá. Não sei de onde vocês (a mídia) tiraram isso”.
De acordo com Uchoa, alguns representantes já indicaram o interesse em participar do evento. “Podem ser chefe de Estado, vice-chefe de Estado, embaixadores; em monarquias, podem ser herdeiros. Há alguns presidentes, como o do Chile, o da Argentina e o de Angola, que já apontaram interesse em vir. Entre os nacionais, vêm os parlamentares das Casas”, disse.
1 milhão de pessoas
Com um esquema preparado para receber até 1 milhão de pessoas, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) prevê a colocação de barreiras em todo o gramado da Esplanada. As pessoas que quiserem acompanhar de perto a cerimônia terão de chegar pela rodoviária e caminhar até o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto. Existe a possibilidade de colocação de telões na Praça dos Três Poderes.