O vice-presidente eleito General Mourão confirmou nesta quarta-feira (5), em Belo Horizonte, ter sido “enquadrado” pelo presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) no sentido de evitar declarações que possam repercutir mal na imprensa. Apesar de dizer que vai se controlar para cumprir o pedido, ele comentou a situação do futuro ministro da Casa Civil Onyx Lorenzoni (DEM-RS) no governo.
“Uma vez comprovada a ilicitude ele terá de deixar o governo, mas por enquanto é só uma investigação”, afirmou o vice eleito, quando questionado sobre a abertura de processo contra o parlamentar pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, para apurar um suposto pagamento de caixa 2.
Lorenzoni, que cuida das articulações políticas de Bolsonaro, já admitiu ter recebido R$ 100 mil da JBS em 2014 e pediu desculpas. Ele também é acusado por um outro repasse de R$ 100 mil em 2012, que nega ter recebido.
Pediu para não falar demais
Um pouco mais econômico nas falas, General Mourão admitiu que houve um novo pedido de Bolsonaro para que ele ficasse mais calado. “É verdade, (ele pediu) só para não falar demais”, disse. Questionado se considerava falar mais que o necessário mesmo, afirmou: “às vezes falo”.
Mourão também falou sobre o polêmico Tweet de um dos filhos do presidente eleito, o vereador Carlos Bolsonaro, que disse que a morte do pai não interessaria só aos inimigos declarados, mas a pessoas próximas. “Você deveria buscar o Carlos e perguntar qual ideia ele quis passar”, disse.
Morte não é tradição
Mourão afirmou que há muitas ameaças contra o presidente eleito mas que a possível morte dele seria absurda e “totalmente contra os princípios do país”. Ainda segundo ele, o assassinato de presidentes “não faz parte da tradição brasileira”.
Mourão respondeu à imprensa sobre o papel que pretende exercer no governo e indicou que não deve participar ativamente de articulações políticas. Segundo ele, Bolsonaro vai definir se tal papel será de Onyx ou em parte do general Santos Cruz, que chefiará a Secretaria de Governo. “Se o presidente determinar a mim que ligações sejam feitas eu o farei, mas por enquanto não há aceno neste sentido”, disse.
Espada do presidente
Mourão disse que Bolsonaro não prescindirá de um assessoramento direto do vice e que seu papel, por enquanto, é ajudar na formação um centro de governança. Questionado sobre o papel de outros vices na história, disse que quer ficar marcado como o escudo e a espada do presidente.
O vice eleito esteve em Belo Horizonte para conversar com empresários no evento "TSX Winter Carvalho: Doing Business In Brazil". No evento, em que foi aplaudido de pé, exibiu um power point com suas ideias para o país, fez brincadeiras e falou de questões como economia liberal, reformas trabalhista, tributária e previdenciária, e costumes. .