Jornal Estado de Minas

POLÍTICA

Em vídeo, Magno Malta diz que nova ministra foi 'escolha pessoal' de Bolsonaro

Um dia depois da escolha de Damares Alves para Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, o senador Magno Malta (PR-ES) divulgou um vídeo para aliados e eleitoras no qual diz, enfaticamente, não ter indicado o nome se sua assessora parlamentar para o cargo. Na interpretação de aliados, a mensagem tem o objetivo de deixar claro que Damares não é da sua "cota" e, portanto, ele continua não tendo representação no futuro governo.

"Esclareço que ela não é uma indicação minha, é uma escolha pessoal do presidente que a convidou. Não fui comunicado, não fui solicitado, não fui eu que a indiquei como algumas pessoas pensam. Não traduz a verdade. Ela é uma escolha pessoal do presidente da República. Eu desejo toda a sorte do mundo a ela, como continuo orando para Deus abençoe o presidente, Deus cubra ele com toda sorte e sabedoria que precisamos nesse novo Brasil", disse antes de voltar a repetir que não teve participação nessa nomeação. "Mas, para que fique claro para as pessoas que gostam da gente, há um equívoco, não é indicação minha".

Além de dar o recado, Magno Malta voltou a elogiar o nome da pastora evangélica para o cargo. "Eu gostaria (...) de desejar a Drª.

Damares Alves, indicada pelo presidente Bolsonaro, toda felicidade do mundo. A Drª Damares é capaz, é minha assessora já há muitos anos, que está comigo no meu gabinete. As minhas lutas de vida, de defesa dos valores, a minha luta contra o aborto, contra as drogas, defesa das crianças. Ela tem participado disso ativamente ao longo desses anos. Merece os meus parabéns, é uma pessoa preparada", disse.

Desconhecida entre movimentos de direitos humanos ou de mulheres, Damares está na política há três anos. Desde 2015, ela ocupa o cargo de auxiliar parlamentar júnior, cuja remuneração é, atualmente, de R$ 5.488,95, sem os descontos, e está lotada no gabinete do senador Magno Malta. Apesar disso, a reportagem apurou que a nova ministra não consultou Magno Malta sobre o convite, se deveria aceitá-lo ou não.
Pelo contrário, ela decidiu sozinha que aceitaria comandar o ministério.

Desde o início da campanha de Jair Bolsonaro, o senador do PR era um dos cotados para assumir uma posição no primeiro escalão do presidente eleito, mas acabou preterido e chegou a afirmar que irá deixar a política. Em entrevista ao The Intercept Brasil, o senador disse que ainda torce por Bolsonaro e o considera "um amigo". Mas também avaliou que "muita gente que falava mal dele, não pedia voto, e agora tá aí, se aproximando".

Na última quarta-feira, 5, ao retornar para atividades no Senado, Magno Malta tentou negar qualquer tipo de frustração. "Meu compromisso com o Bolsonaro foi até dia 28, às 19h30. Nós tínhamos um projeto de tirar o Brasil do viés ideológico e nosso compromisso acabou no dia 28. Bolsonaro não tem nenhum compromisso comigo", afirmou.

Pastora e advogada, Damares Alves é conhecida no meio evangélico por ser crítica à chamada "ideologia de gênero" e ao feminismo. Nas palestras disponíveis na internet ou nas entrevistas que costuma conceder a sites gospel, ela critica frequentemente a "guerra" que está sendo promovida entre homens e mulheres..