Que Nossa Senhora da Conceição traga a paz
Guerra no WhastApp e suspeitas sobre ex-assessor do filho coroam semana turbulenta de Bolsonaro. Desta vez é versão brasileira do jornal espanhol El Pais. E o texto chama bastante a atenção de quem começa a lê-lo: “O presidente eleito, Jair Bolsonaro, começa a sentir as dores do parto do seu governo com as notícias indigestas de que parlamentares do PSL guerrearam publicamente esta semana, com o vazamento para a imprensa das trocas de farpas virtuais pelo grupo do WhatsApp do partido…”
Como reza o bom jornalismo, na linha que segue o título abaixo da matéria acrescenta: “Eleito marca reunião do PSL após imprensa divulgar ‘ringue virtual’ do partido. Ele diz que cheque pago por ex-funcionário de Flávio Bolsonaro à futura primeira-dama foi pagamento de dívida”.
Melhor voltar direto ao Rio de Janeiro, onde mora o presidente eleito, Jair Bolsonaro, que estava em sua praia, já que esteve presente na Cerimônia de Declaração de Guardas-Marinha de 2018, na Escola Naval. Foi onde, depois de quatro anos de formação, eles receberam as suas espadas, símbolo do Oficial da Marinha.
Só que essa notícia naufragou bem rapidinho, ofuscada pela questão envolvendo o senador eleito pelo Rio de Janeiro com mais de 4,3 milhões de votos Flávio Bolsonaro (PSL). Na saída do evento, papai Bolsonaro, como não poderia deixar de ser, foi questionado sobre os depósitos feitos na conta de sua esposa, Michele.
“Lamento o constrangimento que ela está passando no tocante a isso, mas ninguém recebe ou dá dinheiro sujo com cheque nominal, meu Deus do céu.” É, só rezando mesmo, rogando a Deus. Afinal, se tem motorista no meio do caminho, que ele passe a guiar direitinho, já que no sentido bíblico não foi.
O sábado foi coroado por inúmeras notícias sobre o caso e teve até gente que não rezou na mesma cartilha do presidente eleito. “O ex-motorista, que conheço como Queiroz, precisa dizer de onde saiu este dinheiro. O Coaf rastreia tudo. Algo tem, aí precisa explicar a transação, tem que dizer.”
A frase é de nada menos que o vice-presidente eleito, general Hamilton Mourão, a um blog. Companheiro de chapa do capitão Bolsonaro, ele pode dizer o que quiser, pelo menos até o presidente eleito se tornar o comandante-chefe das Forças Armadas.
Já chega. Em dia de celebrar Nossa Senhora da Conceição, santa de grande devoção em Belo Horizonte, que foi ontem, só tem um jeito: rezar para que os brasileiros sigam os conselhos do nosso arcebispo metropolitano, dom Walmor Oliveira de Azevedo. Ele pediu que ela, no caminho do amor, ilumine e nos ajude a encontrá-lo e “reacender no olhar a luz da esperança”.
É só assim mesmo, só rezando para encontrar uma luz no fim do túnel da corrupção, o fim do dinheiro sujo, que traga, de fato, bem acesa, uma luz de esperança em dias melhores.
Derrapagem
Só faltava essa, plágio nas estradas pelo país afora. Pelo menos é o que dá a entender o aviso divulgado na sexta-feira em nota à imprensa: “A CNT, por intermédio do seu presidente, Clésio Andrade, vem a público informar que é contra greve de caminhoneiros e reafirmar seu posicionamento a favor do livre mercado. Informa, ainda, que a CNT – Confederação Nacional do Transporte nada tem a ver com o Comando Nacional do Transporte, que vem utilizando a mesma sigla”.
Ela é de 1881
Pode acreditar, a data não está errada. Trata-se da Bibliex. Matou a charada? Melhor deixar claro de uma vez, é nada mais, nada menos que a Biblioteca do Exército, fundada em 17 de dezembro de 1881. Ela é aberta ao público civil e militar, óbvio, e tem como objetivo promover ainda uma coleção de conferências, palestras, encontros, exposições, intercâmbios, mostras e pesquisas, entre outras atividades. A notícia de fato é que ela será homenageada, em sessão solene do Congresso, na quarta-feira. A iniciativa veio da deputada Conceição Sampaio (PSDB-AM) e do senador Eduardo Braga (MDB-AM).
Nos trilhos
Dois eventos chamam a atenção esta semana na Assembleia Legislativa (ALMG). Depois de muito trabalho, a Comissão Extraordinária Pró-Ferrovias Mineiras fará audiência pública para tratar do seu relatório final. Se a informação inclui que “esse é um dos eventos previstos para a semana de 10 a 14 de dezembro”, melhor conferir. Afinal, a agenda inclui ainda, no mesmo período, outra audiência. Só que, desta vez, é para “debater a situação do ex-presidente Lula”. E há previsão para várias outras comissões.
A propósito
Pode ser episódio da série Acredite se quiser, mas é oficial a agenda da Câmara dos Deputados para votar, na segunda-feira e no plenário, a medida provisória (MP) que trata dos fundos patrimoniais. Bem, a causa é justa. Ela trata, em transcrição literal, da permissão para “a criação de fundos administrados por instituições privadas sem fins lucrativos para financiar projetos e atividades nas áreas de educação, ciência, tecnologia, pesquisa, inovação, cultura, saúde, meio ambiente, assistência social, desporto, segurança pública, direitos humanos e demais finalidades de interesse público”.
É inteligente
A justificativa é por causa do tamanho do evento. Por isso, vai envolver um grande contingente dos servidores do Senado Federal e da Câmara dos Deputados. Em números, a notícia acrescenta que a expectativa da presença de cerca de um milhão de pessoas na posse do presidente eleito, Jair Bolsonaro, requer este cuidado. E quem previne são a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência. Faz sentido, afinal, a maior posse em pessoas reunidas foi a do então metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Mas ele não poderá comparecer, né?
PINGAFOGO
Em tempo, sobre a nota dos fundos patrimoniais. A relatora é a deputada Bruna Furlan (PSDB-SP). O detalhe que interessa aos contribuintes é que seu parecer inclui essas doações entre aquelas que podem ser usadas para dedução do seu Imposto de Renda (IRPF).
E a mesma coisa vale também para as empresas, só que como dedução da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e também do Imposto de Renda delas. Como se trata de diminuir receita, melhor esperar se não haverá veto nesses casos.
Cúpula Conservadora das Américas; já ouviu falar dela? Pois é, existe e quem pegou carona nela foi o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). E não perdeu a caminhada ao dizer que “agora vamos dar um novo rumo, um novo veio político-ideológico”.
E justificou dizendo que o objetivo é criar mais “oportunidades de trabalho e bem-estar social para toda a América Latina”. Tudo isso para ressaltar o avanço da direita no Brasil e em outros países da América do Sul.
Melhor ficar por aqui. Afinal, hoje é domingo, o dia é tão lindo que merecia notícias mais alvissareiras, no sentido de que sejam boas, ou tragam boas-novas, algo promissor ou auspiciosos, para os brasileiros.