O ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim defendeu, durante conferência internacional da Fundação Perseu Abramo nesta segunda-feira, 10, a formação de uma frente ampla "deslocada um pouco para a direita" para fazer oposição ao presidente eleito, Jair Bolsonaro, como forma de sobrevivência dos partidos de esquerda no Brasil.
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Para o ex-chanceler, a exemplo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o apoio de setores econômicos e de líderes religiosos permitiu a eleição do candidato do PSL na disputa com um discurso não racional e um apelo à "autoridade". "Não é para fazer o mesmo, mas temos que entender isso."
Ele lembrou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso e condenado na Lava Jato, era o favorito para vencer as eleições conforme pesquisas feitas antes de sua candidatura ter sido barrada pela Justiça Eleitoral e que os votos de Lula em periferias e cidades fora do Nordeste foram para Bolsonaro.
"O candidato da extrema direita foi capaz de captar algum elemento de comunicação popular que nós temos que estudar e entender, não adianta só negar. Claro que é horrível, mas aconteceu, é real."
Amorim chegou a ser cotado como candidato ao governo do Rio pelo PT. "Ainda bem que não fui. Perderia de maneira humilhante porque o candidato que ganhou a eleição no Rio Wilson Witzel 15 dias antes da eleição eu, que fui pré-candidato, nunca tinha ouvido falar o nome dele", declarou.
Discurso
Além de entender o contexto de comunicação que elegeu Bolsonaro, o ex-ministro disse que o discurso do PT precisaria ter sido diferente.
Celso Amorim fez um apelo para que os partidos de esquerda entendam primeiro os motivos que levaram à eleição de Bolsonaro para, a partir daí, oferecer "respostas democráticas e progressistas". "Vontade não é suficiente, é importante, mas temos que entender o que está acontecendo", insistiu..