A Polícia Federal (PF) cumpre na manhã desta terça-feira (24) mandados de busca e apreensão em apartamentos no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte do senador Aécio Neves (PSDB-MG), eleito deputado federal este ano.
Além de Aécio, são alvos da operação, segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo, os senadores Antonio Anastasia (PSDB-MG) e Agripino Maia (DEM-RN) e os deputados federais Paulinho da Força (SD-SP), Cristiane Brasil (PTB-RJ) e Benito Gama (PTB-BA).
A operação Ross foi autorizada pelo ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal.
As buscas acontecem também no Distrito Federal, São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Norte, Mato Grosso do Sul, Tocantins, e Amapá
De acordo com a Polícia Federal, os mandados desta terça-feira fazem parte da investigação sobre um suposto pagamento de propina de R$110 milhões, feitos entre 2014 e 2017 pela J&F, holding dos irmãos Joesley e Wesley Batista.
A informação foi repassada por Joesley em delação premiada, juntamente com Ricardo Saud, executivo da JBS, empresa do grupo J&F.
O senador também teria comprado apoio político do partido Solidariedade (SDD), comandado pelo deputado federal Paulinho da Força (SP). O valor estimado é de R$ 15 milhões.
Em nota, a PF informou que às vantagens teriam sido solicitadas "a um grande grupo empresarial do ramo dos frigoríficos que teria efetuado o pagamento, inclusive para fins da campanha presidencial de 2014’
“Suspeita-se que os valores eram recebidos através da simulação de serviços que não eram efetivamente prestados e para os quais eram emitidas notas fiscais frias”, informou a PF
Nota da defesa do senador Aécio Neves
Alberto Zacharias Toron, a advogado do senador Aécio neves divulgou nota sobre a operação da PF, abaixo a íntegra:
"O senador Aécio Neves sempre esteve à disposição para prestar esclarecimentos e apresentar todos os documentos que se fizessem necessários às investigações, bastando para isso o contato com seus advogados.
O inquérito policial baseia-se nas delações de executivos da JBS que tentam transformar as doações feitas a campanhas do PSDB, e devidamente registradas na Justiça Eleitoral, em algo ilícito para, convenientemente, tentar manter os generosos benefícios de seus acordos de colaboração.
A correta e isenta investigação vai apontar a verdade é a legalidade das doações feitas."
Leia a íntegra da nota da Polícia Federal
"A Polícia Federal deflagrou hoje (11) a OPERAÇÃO ROSS*, que tem como objetivo investigar o recebimento de vantagens indevidas por parte de três senadores da República e três deputados federais, entre os anos de 2014 e 2017.
As vantagens teriam sido solicitadas a um grande grupo empresarial do ramo dos frigoríficos que teria efetuado o pagamento, inclusive para fins da campanha presidencial de 2014. A ação de hoje é um desdobramento da Operação Patmos, deflagrada pela PF em maio de 2017.
Os valores investigados, que teriam sido utilizados também para a obtenção de apoio político, ultrapassam os cem milhões de reais, Suspeita-se que os valores eram recebidos através da simulação de serviços que não eram efetivamente prestados e para os quais eram emitidas notas fiscais frias.
Aproximadamente 200 policiais federais dão cumprimento a 24 mandados de busca e apreensão expedidos pelo Supremo Tribunal Federal, e realizam 48 intimações para oitivas. As medidas estão sendo cumpridas no Distrito Federal e nos Estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Norte, Mato Grosso do Sul, Tocantins, e Amapá.
São investigados os crimes de corrupção passiva, organização criminosa, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
*ROSS faz referência a um explorador britânico que dá nome à maior plataforma de gelo do mundo localizada na Antártida fazendo alusão às notas fiscais frias que estão sob investigação."