Jornal Estado de Minas

Diplomação de Zema em Minas tem confusão com troca de socos e vaias


A diplomação do governador eleito Romeu Zema (Novo) no Palácio das Artes, na noite desta quarta-feira (19), foi marcada por uma confusão e vias de fato entre dois deputados. A solenidade, que havia se mantido tranquila até o discurso de Zema se transformou em uma espécie de guerra de torcidas, entre os favoráveis à liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e os apoiadores do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL).



A confusão começou no momento de entrega dos diplomas aos deputados eleitos. Na vez da deputada federal eleita Áurea Carolina (Psol), ela levantou uma placa em homenagem à vereadora assassinada Marielle Franco (Psol). Parte do público passou a vaiar e xingá-la, fazendo o símbolo de metralhadora que ficou conhecido como gesto de Bolsonaro. A mestre de cerimônias pediu para que o público e os “diplomandos também não se manifestassem”.

Parte da plateia passou a gritar contra a deputada estadual eleita Beatriz Cerqueira (PT), que desde o início do evento carregava uma placa com os dizeres “Lula Livre”. A mestre de cerimônia conversou com Beatriz e depois arrancou seu cartaz, gerando insatisfação de parlamentares do PT e partidos aliados.

O deputado Rogério Correia (PT) pegou outro cartaz “Lula Livre” e se dirigiu ao centro do palco.
O deputado Cabo Junio Amaral (PSL) se levantou e foi até Correia. Os dois trocaram xingamentos e Amaral arrancou a placa de Correia, que deu um soco na cara do colega parlamentar. Amaral devolveuo soco em Rogério e o palco foi tomado por empurra-empurra entre os deputados, com seguranças tentando separar a confusão.
A sessão de diplomação foi suspensa e entre o publico por pouco não houve mais confusão. No momento da briga, o governador Romeu Zema – que estava próximo de Correia e Amaral – se mostrou constrangido e se retirou do palco, só voltando após a retomada da cerimônia.

A diplomação continuou até o final em clima de estádio de futebol, com a plateia se manifestando de acordo com os deputados que eram chamados para receber o diploma. Alguns parlamentares fizeram gestos imitando Bolsonaro, como se estivessem com armas na mão, e parlamentes petistas continuaram levando a placa “Lula Livre” na hora de receber o certificado. 

 

 

 

Depois do encerramento da cerimônia, Rogério Correia afirmou que vai processar o Cabo Amaral.

Ele alega ter sido envolvido involuntariamente em um “registro de intolerância” de um “obreiro da nova direita”. O petista disse que o soco foi uma reação à “descompostura com a democracia” do colega, que tentou arrancar a placa “Lula livre” de suas mãos. “O deputado eleito Cabo Junio Amaral tentou me dar um soco. Vou analisar as medidas judiciais cabíveis, inclusive levando em conta o estatuto do idoso, por tentativa de agressão”, disse.

Cabo Amaral disse que “eles” não conseguem entender o que é democracia, se referindo aos deputados da esquerda. “Fica exibindo, ali aquela menina (Beatriz Cerqueira), que é do Comando Vermelho, tava estendendo (a placa) o tempo todo. Então, se não tem ordem a gente vai lá e resolve. E ele achou o quê? Que eu ia ficar na minha depois dele tentar me acertar um soco? Eu fiquei 11 anos na polícia nunca tive medo de vagabundo, não vai ser agora”, disse.

 

 Zema pede união

 
Pouco antes da briga começar o governador eleito Romeu Zema havia pedido união para governar o estado. O discurso foi voltado para a crise financeira que atinge o estado.

" somos 853 cidades em situação de quase falência. As prefeituras não recebem o dinheiro delas e quem paga é a população. Deixo aqui meu protesto e indignação", afirmou.

Zema disse que o povo mineiro será o principal foco de sua gestão e que para governar é preciso ter respeito e responsabilidade. Segundo o governador eleito o estado passará por tempos difíceis em que medidas duras serão necessárias. "Temos que arregaçar as mangas e tirar nosso estado da UTI, que é onde ele se encontra hoje precisaremos de união.".