A Polícia Federal cumpriu, na manhã dessa sexta-feira, dois mandados de busca e apreensão no escritório e em uma empresa de Zanone Manuel de Oliveira Júnior, advogado de Adelio Bispo, o agressor do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). Os mandados foram expedidos pela 3ª Vara da Subseção Judiciária da Justiça Federal de Juiz de Fora. De acordo com a PF, o objetivo da operação é tentar identificar quem estaria financiando a defesa do autor confesso do atentado, ocorrido em setembro, em Juiz de Fora, na Zona da Mata. Bolsonaro teve de ser internado e passou por duas cirurgias.
Um dos imóveis funciona em um hotel e uma locadora de veículos, além de servir como escritório e residência do advogado. O outro é a sede de uma empresa. Os dois imóveis são localizados em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A Polícia Federal apreendeu o celular do advogado, que não disse quem foi a pessoa que o contratou para atuar no caso.
Um dia após o atentado contra o candidato do PSL, ocorrido em 6 de setembro, dois dos quatro advogados que defendem Adelio viajaram em avião particular de Belo Horizonte para Juiz de Fora. A informação divulgada com exclusividade pelo Estado de Minas causou polêmica. Também repercutiu muito a questão do pagamento dos honorários advocatícios. Os advogados chegaram a dizer que estavam sendo pagos por igrejas evangélicas de Montes Claros. Mas igrejas negaram o pagamento. O ataque contra Bolsonaro aconteceu em Juiz de Fora quando o então presidenciável fazia campanha. Adelio Bispo de Oliveira foi preso em flagrante.
O diretor-geral da Polícia Federal, Rogério Galloro, afirmou que a investigação sobre o atentado ao presidente eleito Jair Bolsonaro “está avançada”. “Nós acreditamos que ela esteja 90% concluída”, disse Galloro. Segundo ele, a diligência cumprida ontem pela PF é mais uma ação necessária para esclarecer o caso. Sobre o objetivo específico, o diretor da PF afirmou que não poderia se pronunciar, uma vez que a apuração corre em sigilo.
DENUNCIADO O agressor é réu na Justiça Federal de Juiz de Fora. O Ministério Público Federal o denunciou por violação ao artigo 20 da Lei de Segurança Nacional (atentado pessoal por inconformismo político). “Adelio Bispo Oliveira agiu, portanto, por inconformismo político. Irresignado com a atuação parlamentar do deputado federal, convertida em plataforma de campanha, insubordinou-se ao ordenamento jurídico, mediante ato que reconhece ser extremo”, afirmou, na ocasião, o procurador Marcelo Borges de Mattos Medina.
Para o Ministério Público Federal, o esfaqueador pretendia “excluir Bolsonaro da disputa eleitoral de modo a determinar o resultado das eleições, não por meio do voto, mas mediante violência”. Bispo pode pegar uma condenação de até 20 anos de reclusão. A PF finalizou um primeiro inquérito ainda em setembro e concluiu que o homem agiu sozinho no dia do crime. Um segundo inquérito foi aberto para investigar os dados telefônicos e contatos mantidos pelo agressor antes do atentado. (Com agências)
Ex-assessor falta a depoimento
O ex-assessor de Flávio Bolsonaro (PSL), Fabrício Queiroz, faltou pela segunda vez ao depoimento que prestaria no Ministério Público do Rio (MPRJ), ontem. A defesa de Queiroz alegou novamente motivos de saúde para não aparecer na oitiva marcada para esclarecer movimentações atípicas em sua conta, apontadas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). O MPRJ informou que também pedirá para que Flávio Bolsonaro preste esclarecimentos sobre o caso, em 10 de janeiro. De acordo com o MPRJ, o advogado de Queiroz informou que seu cliente “precisou ser internado na data de hoje, para realização de um procedimento invasivo com anestesia, o que será devidamente comprovado, posteriormente, através dos respectivos laudos médicos”. A defesa se comprometeu a apresentar os referidos laudos até o próximo dia 28.