Investigado por suspeita de recebimento de recursos ilegais da JBS, o ministro da Gilberto Kassab (PSD) disse nesta sexta-feira, 28, ao participar da última cerimônia pública como titular da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações no governo Michel Temer, que não vai abandonar a carreira política. Escolhido como virtual secretário da Casa Civil do governo João Doria (PSDB), em São Paulo, Kassab tomará posse no início da próxima semana e imediatamente pedirá afastamento do cargo para cuidar da defesa jurídica.
"Eu já não fui pouca coisa na vida pública, nunca me despedi e não será agora que vou me despedir", afirmou Kassab, ao transmitir o cargo antecipadamente - e simbolicamente - ao astronauta Marcos Pontes (PSL), sucessor no ministério, indicado pelo presidente eleito Jair Bolsonaro. "Não vou dizer adeus, vou dizer só muito obrigado pelo que fizemos até agora. Vamos continuar fazendo juntos muitas outras missões."
A Polícia Federal fez uma operação de busca e apreensão no apartamento de Kassab e endereços ligados a ele na semana passada, com base na delação premiada de ex-executivos da JBS. A acusação é de que o ministro teria recebido pagamentos da empresa para defender interesses do grupo econômico no governo federal, entre 2010 e 2016. Os agentes apreenderam R$ 300 mil em dinheiro vivo, que, segundo o ministro, estavam guardados em casa por causa do bloqueio em suas contas bancárias.
"Entendi que, ao assumir a Casa Civil, num primeiro momento, como existe o inquérito em andamento, fruto dessas ações da semana passada, eu tinha obrigação de me dedicar a essa questão e não poderia estar presente. Tiro licença, com perda de salário, e com isso espero o mais rápido possível estar de volta. Não tem prazo. Será o mais breve possível", disse Kassab.
O ministro afirmou ter consciência de que agiu legalmente nos cargos públicos que ocupou. "Estou na vida pública há algum tempo, estamos sujeitos a apurações, suspeições e denúncias, e não é a primeira vez que isso acontece. Felizmente, em todos os cargos que ocupei, qualquer que seja a suposição que aconteceu, todas foram arquivadas."
Ele disse que o governador eleito João Doria (PSDB) definirá o substituto, mas a interinidade deve ficar com o futuro secretário-adjunto, Antonio Carlos Rizeque Malufe (PSD). Kassab classificou a articulação política como "um trabalho coletivo" e prometeu ajudar Doria de onde estiver.
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