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Estado de Minas

Embaixada do Brasil vai para Jerusalém, diz Netanyahu

Em encontro com a comunidade judaica, primeiro-ministro de Israel declara que Bolsonaro garantiu a polêmica transferência da representação diplomática, hoje instalada em Telavive


postado em 31/12/2018 05:03 / atualizado em 31/12/2018 07:46

"Ele (Bolsonaro) me disse que a transferência da embaixada não era uma questão de se, mas uma questão de quando" - Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, que recebeu uma imagem ampliada de um selo comemorativo dos Correios em homenagem à primeira visita de um premier israelense no Brasil (foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)


Rio – A mudança da embaixada brasileira em Israel de Telavive para Jerusalém não é uma questão de “se”, mas sim de “quando”. A afirmação foi feita pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, informou o israelense, em discurso durante encontro com a comunidade judaica, no Rio. Os dois se reuniram na capital fluminense na sexta-feira, primeiro dia da visita oficial de Netanyahu ao Brasil.

Nos pronunciamentos públicos de sexta-feira, após um almoço e uma reunião, e num evento numa sinagoga, Bolsonaro não tocou no tema da embaixada. A transferência da representação diplomática brasileira para Jerusalém, um gesto de reconhecimento de que a cidade sagrada é a capital do Estado de Israel, foi promessa de campanha de Bolsonaro. A última fez que o presidente eleito tocou publicamente no assunto foi num post no Twitter, em novembro.

Apesar do silêncio de Bolsonaro nos dois pronunciamentos, Netanyahu revelou a conversa de sexta-feira. “Ele (Bolsonaro) me disse que a transferência da embaixada não era uma questão de se, mas uma questão de quando”, afirmou o premier.

Segundo Netanyahu, a declaração de Bolsonaro foi a mesma do presidente americano, Donald Trump, após ser eleito, em 2016. Os Estados Unidos mudaram sua embaixada para Jerusalém em maio deste ano. “Desde o tempo do rei Davi, Jerusalém foi capital do nosso povo, manteve-se capital do nosso povo e permanecerá a capital unida e eterna do povo judeu”, disse o premier.

Em encontro com lideranças cristãs brasileiras à tarde, Netanyahu disse que os evangélicos são os melhores amigos de Israel no mundo. Entre as lideranças presentes no encontro estavam o cardeal-arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani Tempesta, Silas Malafaia (da Assembleia de Deus), o prefeito Marcelo Crivella (da Igreja Universal do Reino de Deus), e o governador eleito do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, católico, mas que diz se identificar com os evangélicos.

“Não temos no mundo amigos melhores do que a comunidade evangélica. E a comunidade evangélica não tem amigo melhor do que o Estado de Israel. Vocês são nossos irmãos e irmãs e nós protegemos os direitos dos cristãos”, disse Netanyahu. O primeiro-ministro destacou que cristãos e judeus têm tradições e heranças comuns e que o cristianismo nasceu do judaísmo.

Netanyahu recebeu uma imagem ampliada de um selo comemorativo dos Correios em homenagem a esta que é a primeira visita de premier israelense no Brasil. Segundo ele, Israel está agarrando as oportunidades do futuro e que Bolsonaro pode se juntar ao seu país para capturar o futuro. “Jair significa aquele que traz a luz (em hebraico). Temos agora a oportunidade de juntos trazer muita luz para os povos do Brasil e de Israel.”

Em encontro com jornalistas brasileiros pela manhã, Netanyahu disse que o Brasil é um dos principais focos da política externa israelense e que, desde 2017, Israel tem buscado ampliar parcerias entre as grandes economias mundiais, como Índia e China, e entre os países árabes. “Países árabes têm buscado Israel porque eles têm medo do Estado Islâmico, do Irã. Israel pode ser um aliado para eles”, disse.

TURISMO Antes dos encontros, no início da manhã, Netanyahu visitou o Pão-de-Açúcar com Wilson Witzel. Depois, por volta das 18h, foi conhecer Cristo Redentor por volta das 18h. A visita causou tumulto entre turistas que se dirigiam ao Cristo, porque o acesso ao monumento foi interditado, por medida de segurança. Nem a imprensa foi autorizada a acompanhar o israelense. A previsão inicial era de que Netanyahu faria esse passeio a partir das 19h, quando circula o último trem de acesso ao monumento. Mas ELE chegou antes, travando a circulação dos demais visitantes. Netanyahu seria recebido pelo padre Omar Raposo, reitor do Santuário Cristo Redentor.

Netanyahu deve ficar no Rio durante a virada do ano e viajar para Brasília apenas amanhã, para acompanhar a posse de Bolsonaro.

Parlamentares criticam anúncio

A intenção do presidente eleito, Jair Bolsonaro, de mudar a embaixada do Brasil em Israel de Telavive para Jerusalém gerou críticas entre parlamentares de partidos ligados ao novo governo. Pelas redes sociais, políticos disseram que a medida pode trazer efeitos econômicos negativos para o país e fazer com que o Brasil se torne alvo de terrorismo. A mudança, por outro lado, foi apoiada por defensores de Bolsonaro, como o senador Magno Malta (PR-ES).

O deputado Felipe Maia (DEM-RN) reagiu à polêmica. “O Brasil está mexendo com uma bomba armada, além do que, o Brasil é signatário de um acordo na ONU que estabelece que a capital de Israel é Telavive. Estamos chovendo no molhado”, escreveu o deputado em sua conta no Twitter, em resposta ao senador Ciro Nogueira (PP-PI).

“Considero grave erro da diplomacia brasileira a opção por lado na disputa árabe-israelense. Temos histórico de boas relações multilaterais e dar prioridade a um país em detrimento de outros pode trazer prejuízos econômicos, além de risco de o Brasil virar foco do terrorismo”, declarou Nogueira na mesma rede social, no sábado.

A proposta de Bolsonaro também foi criticada pela deputada estadual eleita Janaina Paschoal (PSL-SP), integrante do partido do presidente eleito e a mais votada em São Paulo. “Já tive oportunidade de dizer que transferir a embaixada brasileira para Jerusalém é juridicamente justificável, na medida em que Israel é um Estado soberano. Porém, por razões diversas, fico feliz que o presidente eleito esteja repensando a ideia. Respeitosamente”, disse Janaina, em referência a uma declaração feita pelo presidente eleito no início do mês, quando afirmou que sua equipe estava conversando sobre como tomar a melhor decisão.

APOIO Em contrapartida às ponderações, o senador Magno Malta divulgou uma série de publicações apoiando a intenção de Bolsonaro. Evangélico, Malta declarou que reconhecer Jerusalém como capital de Israel faz “justiça” ao país e é o cumprimento de uma profecia. Em um dos vídeos publicados pelo parlamentar, Malta aparece ao lado de Bolsonaro em junho deste ano afirmando que a mudança seria efetivada se o capitão fosse eleito.

Para o pastor Silas Malafaia, líder da igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo, o apoio eleitoral da comunidade evangélica a Bolsonaro só ocorreu por causa do apoio do capitão da reserva a Israel. Segundo o pastor, não haveria apoio da comunidade evangélica a Bolsonaro sem a agenda pró-Israel. “Nosso apoio a Bolsonaro é resultado de ele apoiar Israel”, afirmou Malafaia.

 

 


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