Registrada em cartório no dia 27 de agosto do ano passado, a promessa do governador Romeu Zema (NOVO) de não receber salário até que o pagamento do funcionalismo público seja regularizado não pode ser cumprida. Menos condições ainda ele tem de fazer com que o vice Paulo Brant ou os secretários de estado também não tenham os vencimentos creditados nas contas. Diante do impedimento legal, ele anunciou no dia seguinte à posse que vai doar os R$ 10,5 mil recebidos mensalmente para instituições de caridade.
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Mais rico da eleição, Zema promete receber salário só depois de servidor'Com certeza esse 13º não será pago tão cedo', diz Romeu Zema sobre abono de 2018 Equipe de Zema espera herdar dívida do 13º dos servidores de PimentelZema comunica doação de salário; secretários receberam normalmenteZema já articula parceria para decidir futuro do Palácio das Mangabeiras'Notícia' sobre escala de janeiro de servidores de MG é falsaMulher de Paulo Brant será presidente do Servas no governo ZemaA promessa de Zema, candidato mais rico da eleição com um patrimônio declarado de R$ 69.752.863,96, foi registrada no Cartório do 9° Ofício de Notas de Belo Horizonte. Em campanha, na ocasião, o governador disse que ele, Brant e os secretários não serão pagos enquanto houver funcionário ativo ou inativo com vencimentos, aposentadorias ou pensões em atraso e parcelamento.
Em entrevista à TV Globo nessa quarta-feira (2), Zema disse que vai doar o próprio salário e que a situação dos secretários, que tem direito a R$ 10 mil mensais, ficará a cargo de cada um.
Determinado em lei
O subcoordenador dos cursos de mestrado e doutorado de Direito da UFMG, Thomas Bustamante, afirma que apresentar uma promessa desta natureza é não compreender a verdadeira natureza de uma função pública. “É um trabalho e as cláusulas são fixadas em lei, ele não pode dispor sobre isso. Uma vez exercendo o cargo público, a pessoa faz jus à remuneração relativa a esse cargo. É inclusive necessário que receba para depois poder ser cobrado por qualquer desvio”, disse.
Os salários de R$ 10,5 mil do governador, de R$ 10,250 do vice-governador, e de R$ 10 nos secretários foram fixados na lei 16.658/07, que não dá outra alternativa de pagamento.
“A partir do momento que o dinheiro é depositado na conta dele e deixa de ser público para ser privado, ele pode fazer o que quiser com ele, mas não pode dispor das finanças públicas como se fosse algo privado. A lei não proíbe expressamente, mas ao fixar a remuneração, pelo princípio da legalidade, ela dispõe qual será a remuneração e como ela será recebida”, explicou o professor.
Segundo Thomas Bustamante, “pior” é a promessa em relação aos secretários.
O professor afirmou que mesmo que fosse reduzir os salários, Zema precisaria dar uma justificativa aceitável, que não poderia ser a solidariedade aos servidores públicos que recebem parcelado.
“Pelo princípio do fundamento determinante, uma medida dessas teria de ser analisada à luz de uma justificativa que poderia ser tornar o orçamento mais eficiente, por exemplo, mas para ser benevolente seria um argumento que não seria aceito por nenhum tribunal”, afirmou Bustamante.
Salário é fixado pela Assembleia
Segundo o advogado e professor de Direito Administrativo Raphael Maia, o novo governador dependeria da Assembleia para fazer uma alteração no seu subsídio, já que a fixação do valor é atribuição da Mesa do Legislativo.
“O governador poderia, já no discurso de posse, ter articulado a suspensão do subsídio com os deputados estaduais. Outra alternativa seria edição de um Decreto Regulamentar, estabelecendo a suspensão do pagamento dos subsídios do Governador, Vice e Secretários, enquanto perdurar o parcelamento dos demais servidores”, explicou. .