De acordo com o ministro, a política de Segurança Pública adotada pelos governos anteriores não resultou em uma diminuição de homicídios efetiva no Brasil. "As pessoas não podem sair por aí com armas e fuzis automáticos. O decreto era uma antiga promessa de campanha do presidente Bolsonaro e foi assinado no sentido de flexibilizar a lei", afirmou.
Moro disse que o decreto ainda será melhor avaliado com o passar dos dias. Para ele, o fato de o texto ter recebido críticas tanto de pessoas que eram contra o decreto quanto das que eram favoráveis, foi um sinal de que a possibilidade de o cidadão guardar o equipamento em casa foi flexível.
"Ninguém é obrigado a ter uma arma em sua residência. O texto vai na compreensão de que existe uma parcela da população que manifesta o desejo de ter a posse de uma arma de fogo. Isso pode funcionar como um mecanismo de defesa". disse.
Durante o dia, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, chegou a afirmar que vários países tiveram os índices de criminalidade reduzidos com a liberação da posse de armas. Sérgio Moro, porém, se esquivou e disse que dados como este são muito controversos. "O porte, por exemplo, não está sendo estudado. Não temos nenhum plano a esse respeito".
Caso Queiroz
Questionado se estava satisfeito com a investigação sobre as movimentações financeiras atípicas de Fabrício Queiroz, ex-assessor do deputado estadual e senador eleito Flavio Bolsonaro (PSL), Sérgio Moro disse que 'não era apropriado a um ministro comentar casos concretos', mas que cabe ao seu ministério garantir que as instituições atuem de maneira correta. "Os fatos estão sendo investigados e apurados".
Ainda sobre o tema corrupção, Moro também preferiu não comentar sobre as denúncias de Caixa 2 sobre o ministro Onyx Lorenzoni.
CARGO EM NOVO GOVERNO
Sérgio Moro, ex-juiz federal responsável pelas ações da Operação Lava, foi o primeiro ministro do governo Jair Bolsonaro a assinar o termo de assunção do cargo, em 1° de janeiro.
Em seu primeiro discurso como ministro da Justiça e da Segurança Pública, Moro elencou as primeiras medidas que quer tomar a partir de agora e disse que uma das primeiras será enviar para o Congresso já em fevereiro um projeto de lei anticrime.
"A missão prioritária dada pelo Sr.Presidente Jair Bolsonaro foi clara: o fim da impunidade da grande corrupção, o combate ao crime organizado e a redução dos crimes violentos, tudo isso com respeito ao Estado de Direito e para servir e proteger o cidadão", disse.
De acordo com Moro, a iniciativa não focará apenas na elevação de penas, o que ele chamou inclusive de "estratégia não muito eficaz", mas no enfrentamento dos "pontos de estrangulamento" da legislação penal e processual que, para ele, impactam na eficácia do sistema de Justiça Criminal.
SEGURANÇA REFORÇADA
No dia 8 de janeiro, o governo federal determinou que a Polícia Federal tomasse providências para "garantir, diretamente ou por meio de articulação" com outros órgãos, a segurança do ministro Sérgio Moro e de seus familiares.
De acordo com despacho publicado em edição extra do Diário Oficial da União, a decisão foi tomada "diante de informações sobre situações de risco decorrentes do exercício do cargo".
VÍDEO EM SUPERMERCADO
No dia 9, um vídeo que circulava nas redes sociais mostrava o ministro sendo cobrado pelo caso de movimentações financeiras suspeitas do ex-assessor de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Fabrício Queiroz.
A assessoria de Moro confirmou que o fato se deu em um supermercado em Brasília. O ministro aparece distante na gravação, em um dos caixas do mercado, enquanto um rapaz grita "Por que o Queiroz não é a pauta? A roubalheira do PT é pauta, a roubalheira do Queiroz, do PSL, não é pauta do governo, ele não pode falar sobre isso?".
FÓRUM ECONÔMICO MUNDIAL
Nesta terça-feira (15), organizadores do Fórum Econômico Mundial presentaram a agenda para o encontro que ocorre a partir da semana que vem na estação de esqui da Suíça. No dia 22 de janeiro, Moro será um dos principais integrantes de um debate sobre "restaurar confiança e integridade". Ele divide o palco com a presidente da entidade Transparência Internacional, Delia Ferreira Rubio, e com o especialista suíço Mark Pieth.
Com informações de Estadão Conteúdo
.