Aumento do estoque, elevação dos preços de fábrica e expectativa de aquecimento do mercado. Este é o cenário do comércio de armas e munições em Belo Horizonte após o presidente Jair Bolsonaro (PSL) assinar o decreto que flexibiliza a posse de armas no Brasil. A reportagem do Estado de Minas visitou lojas situadas no Hipercentro da capital e nas duas a aposta é na possibilidade de ampliação das vendas nos próximos dias. Contudo, os empresários do ramo ainda falam na expectativa, já que o decreto foi assinado ontem. “Na verdade, aumentou a procura, mas as vendas ainda não. Há uma esperança de crescimento das vendas com a assinatura do decreto”, afirmou Renato Domingues, gerente da Casa e Pesca Mário, localizada na esquina entre as ruas Rio Grande do Sul e Tupinambás.
Segundo Renato Domingues, só neste ano, a venda de armas dobrou em sua loja. Contudo, a ascensão diz respeito à formatura recente de policiais militares e à procura de policiais civis, agentes penitenciários e guardas municipais. Para ele, o decreto de Bolsonaro pode melhorar ainda mais o cenário. “Eu tripliquei meu estoque já esperando pelo aumento. Atualmente, tenho cerca de 30 armas na loja e trabalhava com aproximadamente 10 antes”. Na Casa dos Pescadores, a administração optou por aguardar a reação do mercado antes de aumentar a reserva. Contudo, há a possibilidade de acréscimo.
Quanto aos modelos, as duas lojas trabalham com pistolas calibre .380 e revólveres 38, os permitidos pela legislação. “A procura maior é por pistola, pela capacidade maior de tiros. O revólver armazena de cinco a oito munições, enquanto a pistola vai de 15 a 20”, explica Domingues. Segundo ele, os preços na Casa e Pesca Mário estão na faixa de R$ 3 mil para o modelo mais compacto. Quanto às pistolas, os valores variam entre R$ 4,5 mil e R$ 6,5 mil. As quantias no outro estabelecimento ouvido estão no mesmo patamar: R$ 3,2 mil para a arma mais simples e R$ 5 mil para o equipamento com maior poder de armazenamento.
Munição Os estabelecimentos também vendem munições aos interessados. Neste caso, cada cidadão com direito à posse pode comprar 50 balas por ano, de acordo com a legislação. As lojas comercializam cartelas com 10 projéteis cada. Os preços, nas duas casas, estão em torno de R$ 60 – independentemente do calibre.
Com o decreto assinado pelo presidente, o cidadão brasileiro poderá guardar o equipamento na residência ou no estabelecimento comercial de que seja dono. Andar com o armamento nas ruas, o porte de armas, continua proibido. Já os pré-requisitos continuam os mesmos: ter mais de 25 anos, apresentar declaração de bons antecedentes e passar pelo curso de tiro e pelo teste psicotécnico.