O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que o caso envolvendo movimentações financeiras atípicas do deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e de seu ex-assessor Fabrício Queiroz não é assunto do governo. Neste domingo, 20, o general da reserva assumiu a Presidência da República. É a primeira vez, desde a redemocratização, que um general assume o cargo. O último foi João Figueiredo, que ficou de 15 de março de 1979 a 15 de março de 1985, quando entregou o cargo a José Sarney, encerrando o período da ditadura militar no País.
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Falta de explicação 'plausível' de Flávio incomoda militares e equipe de MoroCoaf mostra que Flávio Bolsonaro pagou título de R$ 1 milhão, diz TVBolsonaro recebe visita de Flávio no Palácio da Alvorada"O presidente não está tendo de se defender.
"Esse não é um caso do governo, é um caso da Justiça sobre um senador eleito, que tem o sobrenome Bolsonaro. Vale a regra da expressão militar, 'apurundaso', que quer dizer apurar e punir, se for o caso. É isso que está valendo."
O vice-presidente não quis responder se não era o caso de o presidente "jogar os filhos aos leões", como defendem alguns assessores, para evitar contaminação do seu governo. Mourão disse que, quando apareceu o primeiro caso envolvendo Queiroz, Bolsonaro já disse que este era "um problema do Flávio e não dele". Reconheceu, no entanto, que o assunto pode "até preocupar o presidente, porque é o caso com um filho dele", mas insistiu que este "não é problema do governo".
No Palácio do Planalto, há um grande incômodo com a repercussão do caso. Pessoas próximas ao presidente avaliam que o governo pode ser contaminado, mesmo que o discurso oficial do vice-presidente e de todos os integrantes do primeiro escalão diga o contrário. Assessores ouvidos pela reportagem disseram que não só entre os militares, mas também entre civis, particularmente os ligados ao ministro da Justiça, Sérgio Moro, o desconforto é grande.
Parte desse grupo avalia que, assim com o "pessoal da caserna", emprestou o seu prestígio e credibilidade ao novo governo.
Agenda
Para contra-atacar a agenda negativa imposta pela repercussão das denúncias, uma ala do governo trabalha em duas frentes. Uma é tentar dissociar o governo dos problemas "pessoais do filho do presidente". A outra é manter a agenda positiva dos dois pilares mais importantes do governo até aqui: o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o titular da Justiça, Sérgio Moro. O objetivo é usar ações das duas pastas para "tentar virar o disco" e impor uma nova agenda pública. Esse grupo acredita que medidas "reais", em benefício da população, poderiam ajudar a tornar o caso Flávio Bolsonaro "menor".
Há uma avaliação dentro do governo de que é necessário evitar gastar capital político com o caso Coaf para não perder poder de fogo nas primeiras votações importantes no Congresso, como a reforma da Previdência. Para isso, os assessores mais próximos do presidente afirmam que ele deve se limitar a dizer que o caso não é problema dele ou do governo. E que, se seu filho cometeu algum erro, tem de pagar por ele.
"Esse problema não mina o capital político do governo.
Para Mourão, houve um "vazamento" de dados do caso para prejudicar o governo. "Cadê os outros da operação Furna da Onça? Cadê a pressão em cima desses caras? Ninguém está em cima destes caras. Estão todos quietinhos. O Ministério Público por exemplo, não vaza nada em relação a isso. O Ministério Público só vaza o que é em relação ao Flávio", afirmou. .