Tem cirurgia, obra de arte e denúncias
“O gabinete de crise está montado. Mas agora é com o governo de Minas Gerais, a condução é do governo de Minas”, que dispensou o apoio das Forças Armadas. O presidente em exercício, general Hamilton Mourão, manifestou “estranheza”, leia-se a recusa de acionar a 4ª Brigada de Infantaria Leve. A alegação mineira foi de que ela é especializada em áreas de montanhas.
Foram oferecidos 900 militares, incluindo equipes médicas, mesmo que fosse para atuar no perímetro, mas preferiram não polemizar. De fato, a ordem às tropas foi boca fechada, não criar polêmica. E deixar a critério do governo quando e onde será necessário. Só que o governo do estado preferiu outras ofertas, leia-se 130 militares de Israel que chegaram na noite de domingo no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte e foram recepcionados pelo próprio governador Romeu Zema ainda na pista de Confins.
“Estamos iniciando o trabalho junto com as forças do Exército de Israel. Vejo que, com a tecnologia deles, vamos aumentar a chance de encontrarmos novos sobreviventes e termos mais agilidade para encontrar vítimas, o que vai amenizar e muito a angústia que as famílias têm passado”. Assim registrou Zema, sobre a chegada dos israelenses.
O Palácio do Planalto não passou recibo, elencou uma coleção de medidas vindas de vários ministérios à disposição e só no fim do anúncio o porta-voz citou os militares aquartelados, ressaltando que estão de prontidão e podem atuar a qualquer momento, se o governo do estado assim desejar. São 1 mil militares prontos para atuar “a qualquer momento”, sempre repetindo a ladainha já descrita sobre o governador Romeu Zema.
Melhor mudar de assunto. “A cirurgia foi conduzida de forma especial porque o presidente possuía uma quantidade grande de aderências por causa das outras duas cirurgias. As aderências exigiram uma verdadeira obra de arte em relação a cirurgia”.
Outra obra de arte, no entanto, não deu certo. A denúncia contra Lúcio Vieira Lima veio da procurador-geral da República, Raquel Dodge, com base nas delações premiadas dos executivos da Odebrecht. “Um exemplo perfeito da denominada corrupção imprópria”, ela alegou, diante de R$ 1,5 milhão em troca da autuação política do deputado para aprovação de uma medida provisória favorável à empreiteira”. Sempre ela, óbvio que a MP aprovada rendeu a ela um dinheiro bem mais gordo.
Lúcio Vieira Lima já foi devidamente punido pelos eleitores da Bahia, já que não se reelegeu. As urnas baianas já deram a primeira lição no ano passado.
CPI a caminho
“É preciso responsabilizar pessoas físicas. Quais órgãos são responsáveis? Quem assinou o laudo para matar essas tantas pessoas?” Senador Otto Alencar (PSD-BA). Ele pretende abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) e informa já ter as assinaturas necessárias para instalá-la. “A situação de Minas é uma bomba-relógio. Aconteceu em Mariana, aconteceu em Brumadinho, pode acontecer em outras, e isso precisa de uma investigação mais detalhada”. senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) em apoio à abertura da CPI.
Só ontem?
A presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores, deputada federal eleita Gleisi Hoffmann, fará, na tarde desta segunda-feira, 28 de janeiro, uma visita à região afetada pelo rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, com o objetivo de prestar solidariedade aos atingidos pela tragédia. Ela segue direto do Aeroporto de Confins, onde desembarca em poucos minutos, para o Distrito de Casabranca. O detalhe: “o PT de Minas se une à dor dos mineiros neste momento de luto em nosso estado”. Se uniu só ontem?
Tem mais:
No fim da tarde, Gleisi Hoffmann participou de uma reunião com lideranças de movimentos sociais sobre a tragédia, ocorrida na tarde da última sexta-feira, 25. O encontro foi realizado no Sindipetro (Avenida Barbacena, 242, no Barro Preto, em Belo Horizonte). Para lembrar: sexta-feira estiveram em Brumadinho os ministros do Meio Ambiente, Ricardo Salles, de Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto e Minas e Energia, Bento Albuquerque e ainda o secretário Nacional de Defesa Civil, Alexandre Lucas.
Wapichana
“Existem várias proposições anti-indígenas que defenderrei usando dos meios legais, para que nenhum abuso e inconstitucionalidade possa ser aprovado”. “Vejo, por exemplo, na Amazônia, alternativas para hidrelétricas, que colocam em risco vidas e a nossa biodiversidade” Ambas as frases são da deputada que assume sexta-feira agora, Joênia Wapichana. E promete defender também “trazer a bandeira da sustentabilidade porque é possível conciliar nossos interesses e direitos”. Pelo jeito, ela não deve passar longe do papel que o primeiro indígena a ser deputado desempenhava. Afinal, Mario Juruna não é bom exemplo. É aquele que andava com um gravador.
Ele é novo
O tal deputado eleito Marcel Van Hattem (Novo-RS) não desiste, ao contrário, insiste. Já foi registrado aqui, mas agora o fato novo é que ele encomendou um parecer jurídico para que possa ser candidato à presidência da Câmara dos Deputados. Eu disse parecer, não uma ação na Justiça. Pelo jeito, só está fazendo é o seu comercial mesmo, já que é novo, com o devido trocadilho com seu partido. É aquela história da necessidade de ter no mínimo 35 anos para presidir a República. Ele tem só 33. Se ele quer se candidatar à presidência da Câmara dos Deputados, deixa ele brincar… Eleito jamais seria.
PINGAFOGO
A Justiça do Rio determinou, terça-feira da semana passada, o bloqueio de bens no valor de até R$ 7.434.466,51 do ex-prefeito Eduardo Paes, do seu ex-secretário de Saúde Hans Dohmann e ainda mais cinco pessoas. A investigação apura fraude em licitação para serviços de emergência médica.
Não é fato novo, a concorrência é da época da Jornada Mundial da Juventude, em 2013. O detalhe está no fato da presença do Papa Francisco no evento. Paes não deve ter seguido os ensinamentos do pontífice. A notícia nova é que o ex-prefeito tem quadro clínico estável. Princípio de enfarte.
A Justiça acatou liminar para que a Vale contrate imediatamente equipe capacitada, medicamentos, alimentos, maquinários adequados, veículos e aeronaves para o resgate, acolhimento e tratamento dos animais que se encontram agonizando em meio à lama. O pedido é do deputado Noraldino Jr (PSC).
“Essa decisão vem potencializar os resgates por toda forma de vida. Não queremos, de forma alguma, prejudicar o trabalho dos bombeiros de resgate das vidas humanas. Mas acreditamos que os animais também não podem mais esperar, eles também merecem ter a chance de ser resgatados”.
Sendo assim, com o devido me poupe, o jeito é também merecer o objetivo de encerrar por aqui. Sem nada mais esperar.