O Brasil despencou nove posições no Índice de Percepção da Corrupção (IPC) divulgado nesta terça-feira pela Transparência Internacional. O país alcançou nota 35, o que o deixou na 105ª posição – entre 180 nações -, empatado com Argélia, Armênia, Costa do Marfim, Timor Leste e Zâmbia, entre outros.
Leia Mais
Moro diz que percepção da corrupção no País pode mudar com projeto de lei'Ato de força', diz instituto Não Aceito Corrupção sobre decreto de Mourão'Prioridade é combater a grande corrupção no Brasil', diz Moro em DavosPara do diretor-executivo da Transparência Internacional, Bruno Brandão, a nota brasileira é reveledora de uma situação que precisa ser atacada. Ele ressalta a importância das ações de combate a corrupção dos últimos anos, mas destaca que elas devem ser aprofundadas.
“O fato de o Brasil prosseguir com uma performance tão ruim no IPC 2018 é revelador. A Lava Jato teve – e continua a ter – importância vital para romper com a impunidade histórica da corrupção no Brasil, principalmente de réus poderosos. Mas ela sozinha não será capaz de efetivamente reduzir os níveis de corrupção”, disse.
Ainda de acordo com ele, enquanto as raízes dos problemas não forem atacadas não será possível melhorar a performance.
Brandão acredita que a nota ruim apurada no levantamento referente ao ano passado, mostra que o último governo, do ex-presidente Michel Temer (MDB) fez pouco para que iniciativas de combate à corrupção fossem levadas a diante.
“O resultado ruim deste ano foi certamente influenciado pela total inércia do governo Temer e do Congresso em fazer avançar políticas públicas e reformas anticorrupção – apesar de este ser um tema de prioridade máxima para a população brasileira”, analisou.
Ele ainda foi mais adiante ao classificar a presença de integrantes da gestão de Temer em denúncias e aponta essa situação como principal influenciador do índice. Brandão faz um alerta sobre a possibilidade de o país não avançar.
“O que se viu foi um presidente e diversos de seus ministros sob acusações gravíssimas de corrupção e tentativas renitentes de garantir a impunidade, como o infame indulto natalino de Temer, beneficiando descaradamente os condenados da Lava-Jato. Isto certamente influenciou a percepção no Brasil e no mundo de que os esforços do país na luta contra a corrupção podem não significar ainda uma mudança de patamar e, pior, pode haver retrocessos”, diz.
O diretor-executivo da Transparência Brasil ainda aponta que a mobilização da sociedade e medidas de combate à corrupção que tramitam no Congresso pode ser a oportunidade para o país melhor os indicadores.
“Em 2018, a sociedade brasileira se mobilizou e desenvolveu o maior pacote de reformas anticorrupção do mundo.
Ministro da Justiça
Após a divulgação do relatório, o ministro da Justiça, Sérgio Moro, comentou a má colocação do Brasil. Moro, disse que a percepção mundial sobre a corrupção no Brasil poderá mudar se forem aprovadas alterações em leis para combater esse tipo de crime - um dos objetivos dele à frente da pasta.
"O governo federal precisa liderar o processo de mudança contra a corrupção e por maior integridade na vida pública. Não cabe falar pelo governo passado, mas ainda em fevereiro será apresentado ao Congresso um projeto de lei anticrime, com foco em medidas contra a corrupção, crime organizado e crime violento. Se aprovado o projeto, além do impacto real na vida das pessoas, também mudará a percepção do mundo em relação à corrupção no Brasil”, disse. .