Brasília – O grupo de oito senadores postulantes à presidência do Senado e contrários à candidatura do senador Renan Calheiros (MDB-AL), admitiu que, caso a estratégia de realizar o pleito com voto aberto não dê certo hoje, o grupo poderá esvaziar a sessão para inviabilizar a votação.
O senador Reguffe (sem partido-DF) confirmou a possibilidade a jornalistas, mas disse não acreditar que isso seja necessário. “Acho que a gente tem maioria. O Brasil quer o voto aberto e a eleição em dois turnos”, afirmou.
Se a eleição for adiada, ela poderá ocorrer no fim de semana ou na próxima segunda-feira. O grupo se reuniu ontem à tarde para definir uma estratégia para enfraquecer a candidatura de Renan. Ele venceu a disputa interna no MDB com Simone Tebet e foi oficializado ontem o candidato do partido, por 9 votos a 7.
Os adversários de Renan sinalizaram que podem abrir mão da disputa para apoiar a senadora Simone Tebet (MDB-MS) caso ela aceite mudar de partido. A proposta também foi um dos assuntos discutidos na reunião realizada num hotel em Brasília.
O convite partiu, principalmente, do Podemos. O senador Alvaro Dias (Pode-PR) ofereceu a filiação para a emedebista, que ficou de analisar a proposta. Como argumento, ela recebeu indicação de um possível apoio por parte do PSDB, de Tasso Jereissati (CE), PP, de Esperidião Amin (SC), e do PSL, de Major Olímpio (SP).
Apesar de ter ficado de analisar, aliados de Simone veem com desconfiança o convite por acreditarem que o Podemos não tem “tamanho suficiente” para bancar uma candidatura deste tipo, já que o partido tem apenas cinco senadores. Isso poderia gerar desconfiança na conquista de outras bancadas.
Ao todo, participaram da reunião Dias, Amin, Major Olímpio, Tasso, Ângelo Coronel (PSD-BA), Davi Alcolumbre (DEM-AP), e a própria senadora. Nenhum deles aceitou abrir mão da disputa por enquanto.
Os únicos dois nomes que não ficaram de rever suas intenções para o pleito foram Ângelo Coronel e Davi, que tem o apoio do ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS).
No encontro, o democrata também foi bastante pressionado a abdicar da candidatura para ter segurança de que presidir as sessões preparatórias e, assim, poder deliberar sobre questões de ordem.
A cerimônia de posse dos 81 senadores está marcada para as 15h, ocorre antes das reuniões em que serão eleitos o novo presidente da Casa e os demais integrantes da Mesa. No total, são três reuniões, chamadas de preparatórias.
Dos 54 senadores que tomarão posse (dois por estado), 46 não estavam no Senado no ano anterior, uma renovação histórica, de cerca de 85%. Apesar do número de senadores, a sessão de posse deve ser rápida, já que não haverá discursos dos parlamentares. O único a falar deve ser o senador que presidirá a cerimônia.
A posse é conjunta, mas o juramento é individual e os senadores são chamados por ordem de criação dos estados. Apenas o primeiro senador pronuncia na íntegra o juramento: “Prometo guardar a Constituição Federal e as leis do país, desempenhar fiel e lealmente o mandato de senador que o povo me conferiu e sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil”.
Depois, todos os outros senadores, quando chamados, dirão “assim o prometo”. Foram convidadas 2.710 pessoas para a solenidade. Cada senador empossado teve direito a 45 convites, um para a tribuna de honra, um para as galerias e 15 para o salão Negro, onde haverá um telão. Os restantes poderão ficar no gabinete ou assistir à posse no Auditório Petrônio Portela.
Crítica a apoiadores de Maia e Renan
A deputada estadual Janaína Paschoal (PSL-SP), que pretende assumir a presidência da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) este ano, criticou o apoio dado a Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Renan Calheiros (MDB-AL) na disputa pela Presidência da Câmara e do Senado, respectivamente.
“Sei que muitos entendem que eu deveria ficar calada. Eu tento. Mas para não correr o risco de me omitir, vou escrever o que venho falando reservadamente: Os apoiadores do novo governo vão se arrepender amargamente de votar em Maia e em Renan! O arrependimento virá rápido!”
As críticas a Maia ocorrem a despeito de seu próprio partido, o PSL, ter fechado apoio à sua reeleição este ano. No Senado, a legenda do presidente Jair Bolsonaro tem candidato próprio, Major Olímpio (SP), mas participa das articulações para chegar a um candidato “anti-Renan”. Janaína Paschoal ficou conhecida como uma das autoras do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff e chegou a ser cortejada para compor a chapa de Bolsonaro na corrida presidencial.
Candidata à Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), recebeu a maior votação para um deputado na história do país: 2,06 milhões de votos. Como muitos de seus correligionários, a professora licenciada de direito da Faculdade de Direito da USP fez campanha contra a chamada “velha política” e pela renovação dos quadros partidários.