Assolada por escândalos e prisões de parlamentares nos últimos anos, e agora fragmentada em 28 partidos, a Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) empossou nesta sexta-feira, 1º, 64 de seus 70 deputados eleitos em outubro. Seis não puderam assumir seus mandatos porque estão presos. Apontado como discípulo do agora senador Flávio Bolsonaro (PSL), cujo gabinete teve assessores apontados em relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) por "movimentações atípicas", Rodrigo Amorim (PSL), ao tomar posse no mandato, homenageou o amigo.
"(Estou aqui) para continuar o trabalho do maior líder político deste Estado, senador eleito Flávio Bolsonaro", afirmou. Ao fim da cerimônia, questionado sobre o caso do relatório do Coaf, classificou-o de "massacre político". A posse também teve homenagens à vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada em março passado, pedidos de "Lula livre", gritos de "Bolsonaro Presidente" e minuto de silêncio dedicado ao deputado Wagner Montes (PRB), falecido no sábado passado
A nova composição da Alerj terá mais de metade de novos deputados. O número poderá aumentar em abril, quando acabará o prazo para os seis deputados presos tomarem posse. André Corrêa (DEM), Chiquinho da Mangueira (PSC), Luiz Martins (PDT), Marcos Abrahão (Avante) e Marcus Vinicius Neskau (PTB) são investigados pela operação Furna da Onça, desdobramento da Lava Jato no Rio. Anderson Alexandre (SD), ex-prefeito de Silva Jardim, foi alvo de operação do Ministério Público local. É acusado de receber propina.
Eleito para o quarto mandato, André Ceciliano (PT) presidiu interinamente a Alerj no ano passado após a prisão de Jorge Picciani (MDB). Nesta sexta, o petista também presidiu a cerimônia de posse, ocasião em que usou tom conciliador. Em breve fala, Ceciliano citou "momentos difíceis" pelos quais passou a Assembleia nos últimos anos e falou em "moralização".
O petista deverá ser conduzido oficialmente à presidência da Alerj neste sábado. A estimativa é de que ele obtenha cerca de 50 votos. É possível que concorra sem nenhuma chapa opositora. Isso porque o PSL, dono da maior bancada com 12 deputados, teve dificuldades para viabilizar um candidato a presidente. Acabou isolado por articulações de Ceciliano, que fez acenos ao governador Wilson Witzel (PSC). Assim, o partido dos Bolsonaro, que elegeu grande número de parlamentares no Rio e no País com forte discurso anti-PT, verá um deputado do arquirrival comandar a Casa.
Parlamentares do PSL admitem que faltou experiência política à bancada. Há quem cite um suposto perfil mais individualista do partido.
"Hoje a bancada existe, mas o mandato está sendo individual, de cada um. Cada um está respondendo por si", afirmou a deputada Alana Passos (PSL).
A cerimônia também teve a presença de Witzel. Coube a ele o discurso mais longo, de 15 minutos e 46 segundos. Desse tempo, 5min40s foram dedicados a cumprimentos ou agradecimentos. No resto do tempo, Witzel reafirmou o desejo de organizar as combalidas contas públicas do Estado. Também pediu ajuda da Alerj, com quem pretende trabalhar "com harmonia e independência".
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