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Estado de Minas

Governo Bolsonaro busca neutralizar adversários no Congresso

Desafio do governo Bolsonaro na Câmara e no Senado será construir base aliada forte, selando as pazes com Renan Calheiros, que transita bem entre a esquerda e a direita


postado em 04/02/2019 06:00 / atualizado em 04/02/2019 07:48

Com prioridade para aprovar reforma da Previdência, articulações no Congresso serão capitaneadas pelo ministro da Casa Civil, Ony Lorenzoni, com apoio dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre(foto: Pedro França/Agência Senado %u2013 18/1/18)
Com prioridade para aprovar reforma da Previdência, articulações no Congresso serão capitaneadas pelo ministro da Casa Civil, Ony Lorenzoni, com apoio dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre (foto: Pedro França/Agência Senado %u2013 18/1/18)

Brasília – O governo está pronto para iniciar as articulações pela reforma da Previdência. A pauta é a prioridade da agenda econômica do Palácio do Planalto. O texto almejado está pronto, mas ainda espera o aval do presidente Jair Bolsonaro, que se recupera de cirurgia para a retirada de bolsa de colostomia e a reconstrução intestinal. Enquanto o martelo não é batido, o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, inicia nesta semana a interlocução com líderes partidários e os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).


A articulação política capitaneada por Lorenzoni atacará em duas frentes. Na Câmara, a ordem é abrir o diálogo com os presidentes de comissões estratégicas que vão debater e aprovar ou não pautas da agenda econômica. A expectativa é que ainda amanhã haja alguma definição sobre a ocupação desses espaços. A atenção da Casa Civil está voltada, sobretudo, para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que submete a análise todas as propostas. A comissão deve ficar com o PSL, partido de Bolsonaro. Os olhares também estarão voltados para a Comissão de Finanças e Tributação (CFT), responsável por avaliar a adequação financeira das matérias apresentadas.


Os coordenadores das principais comissões serão indicados pelos líderes partidários do bloco que apoiou Maia, o que facilita a interlocução da Casa Civil. A divisão será acompanhada de perto pelo secretário especial para a Câmara da pasta, Carlos Manato, que se reunirá amanhã com o presidente da Câmara. Também amanhã, o Senado deve definir a ocupação de espaços. Haverá reunião de líderes para indicar os senadores responsáveis pelas comissões, com definição prevista para a quarta-feira. O mesmo mapeamento e diálogo feito na Câmara pelo governo se repetirá no Senado, mas a prioridade inicial será outra.


A articulação política quer pacificar a relação com o senador Renan Calheiros (MDB-AL). Experiente, o parlamentar transita bem entre a esquerda e a direita. Candidato à disputa pela Presidência da Casa, o congressista criticou a falta de lisura na eleição que deu a vitória à Alcolumbre. Para contornar a saia justa e colocar panos quentes no desconforto, interlocutores de Bolsonaro defendem que ele próprio converse com o senador.


Outra medida adicional estudada pelo Planalto é oferecer a liderança do governo no Senado a um senador do MDB, o maior partido da Casa. Para a interlocução política, é uma forma de pacificar e evitar rusgas com Calheiros. Uma alternativa é costurar a liderança em torno do senador Esperidião Amin (PP-SC), o segundo mais votado para a presidência da Casa.

A pacificação no Senado nestes primeiros dias será feita por Lorenzoni, que intensificará ainda mais o diálogo. Nos últimos dias, o ministro recebeu indicações de senadores recomendados por Alcolumbre, e, agora, vai encontrá-los amanhã no Parlamento. A ideia do ministro é mostrar prestígio aos senadores e oferecer a liderança do governo no Congresso a um parlamentar da Casa no primeiro ano. No entanto, avisará, que, no próximo ano, a liderança deve ficar com alguém da Câmara.


A estratégia do governo para apaziguar a relação no Senado em prol das reformas é positiva, avalia o sociólogo e cientista político Fábio Metzger, professor da Uniesp. “Maia vai dar operacionalidade dentro da Câmara e o governo precisa buscar o mesmo no Senado. Precisará evitar problemas com o Renan e uma dissidência interna entre o MDB será fundamental. De qualquer forma, acredito que, como todo governo que começa, Bolsonaro vai apanhar e aprender. Mas vai correr muitos riscos”, pondera.

Pé direito


Toda a articulação está sendo meticulosamente trabalhada para iniciar o ano legislativo no Parlamento com o pé direito. Afinal, o governo foi alertado por Maia de que ainda não há votos suficientes para aprovar uma proposta como a reforma da Previdência. Por isso, a Casa Civil entende que a costura minuciosa na Câmara e no Senado será necessária para montar uma base aliada forte e evitar que a pressa se transforme em derrota no curto prazo.


A proposta de mudanças nas regras de aposentadoria que se encontra sob análise de Jair Bolsonaro deve aproveitar o texto da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287/2016, com algumas alterações por emenda. Retomar pautas que ficaram pendentes ao fim do governo do ex-presidente Michel Temer deve ser a tônica na trajetória inicial da agenda econômica. A cessão onerosa e a privatização da Eletrobras são outras pautas remanescentes que entrarão na mira.


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