O pacote de medidas de combate à corrupção, crime organizado e violência, anunciado ontem pelo ministro Sérgio Moro recebeu críticas de especialistas ouvidos pelo Estado de Minas. Algumas das propostas que vão alterar 14 leis brasileiras – entre elas os códigos Penal, de Processo Penal e Eleitoral e a Lei de Excuções Penais – foram classificadas de inconstitucionais e contrárias a direitos e garantias fundamentais. O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) fará um estudo das proposições antes de se manifestar.
Leia Mais
Moro inclui proposta de Bolsonaro e isenta pena a policial que matar em serviçoÉ dever do governo liderar essa mudança, diz Moro sobre prisão após 2ª instância'Não é para servir de instrumento de impunidade', diz Moro sobre 'plea bargain'Marco Aurélio: Projeto anticrime de Moro não representa diminuição na violênciaMoro detalha para deputados projeto de lei anticrimeO debate vai incluir a participação de entidades como o Instituto dos Advogados do Brasil (IAB), associações de advogados que atuam no direito penal, institutos científicos e defensorias públicas. O Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM) também já anunciou a preocupação em esclarecer a população sobre o projeto e conscientizar os deputados e senadores sobre equívocos presentes no texto. “São medidas que estão dissociadas do que a teoria do direito penal e constitucional nos ensina e que não vão impedir a ocorrência do crime”, alerta Carla Silene, diretora nacional das coordenadorias regionais e estaduais do IBCCRIM.
A advogada critica especialmente a possibilidade da prisão imediatamente depois da condenação pelo Tribunal do Júri. Atualmente, a menos que o réu esteja respondendo ao processo preso, a legislação garante a ele o direito de recorrer à segunda instância em liberdade, de uma condenação.
Leia Mais
Moro inclui proposta de Bolsonaro e isenta pena a policial que matar em serviçoÉ dever do governo liderar essa mudança, diz Moro sobre prisão após 2ª instância'Não é para servir de instrumento de impunidade', diz Moro sobre 'plea bargain'Marco Aurélio: Projeto anticrime de Moro não representa diminuição na violênciaMoro detalha para deputados projeto de lei anticrimeBENEFÍCIO Para o advogado e doutor em ciências penais Leonardo Yarochewski, as medidas afrontam os direitos e garantias fundamentais e vão apenas aumentar o encarceramento de negros e pobres. O Brasil tem hoje a terceira maior população carcerária do mundo, atrás apenas de EUA e China. As novas regras para a progressão de regime, segundo ele, praticamente acabam com o benefício, que já foi declarado constitucional pelo Supremo. Yarochewski ressaltou ainda que os novos conceitos de legítima defesa podem favorecer assassinatos por policiais.
O professor de direito penal e advogado Bruno César Gonçalves lamenta a possibilidade de realização de videoconferência em audiências envolvendo réus presos.
.