Depois de uma reunião frustrante, na última terça-feira, com caciques partidários, o líder do governo, deputado Major Vitor Hugo (GO), recebeu o apoio de integrantes do PSL e reforçou a necessidade de interlocução direta com as legendas na Câmara. A declaração é uma mudança nas regras estabelecidas ainda durante a transição, entre os meses de novembro e dezembro do ano passado, quando a ideia propalada pelos então futuros integrantes da Esplanada era a de que a negociação no Congresso seria feita a partir de bancadas temáticas.
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Planalto: Bolsonaro ainda vê em Major Vitor Hugo capacidade de ser líderMajor Vitor Hugo admite que errou em convite para reunião com parlamentaresPlanalto formaliza Major Vitor Hugo como líder do governo na CâmaraAs primeiras dificuldades de Vitor Hugo começaram quando ele convocou uma reunião com os líderes a partir de mensagem pelo WhatsApp. O encontro acabou esvaziado depois que deputados manifestaram irritação com o tratamento. “É uma construção de uma realidade para outra. Tivemos uma ruptura do cotidiano do Legislativo nas últimas eleições gerais, algo nunca visto ao longo de mais de uma década, é natural que gere dúvidas, mas conseguimos reunir 10 partidos, e as conversas estão abertas e iniciadas”, disse o parlamentar, que fez questão de elogiar o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Parlamentares mais experientes ouvidos pelo Correio, porém, temem que a falta de traquejo político de Vitor Hugo — eleito com 31.190 votos e com o apoio de Bolsonaro — possa atrapalhar o Planalto durante votações fundamentais, como a reforma da Previdência. Procurados pela reportagem, a deputada Bia Kicis (DF) e o senador Major Olímpio (SP), ambos do PSL, defenderam o colega de partido. “Ele tem a confiança do presidente Bolsonaro, e a gente sabe que isso é o mais importante. É claro que há resistências de quem está acostumado com outro tipo de jogo, mas é uma fritura precoce e desnecessária”, disse Kicis. “O Vitor Hugo é uma pessoa qualificada e tem todo o apoio do partido, até porque a decisão pelo nome dele para liderança do governo partiu do próprio presidente, não foi fruto de uma disputa interna, o que poderia produzir racha. Isso não existe”, disse Olímpio.
Na prática, Vitor Hugo será monitorado pelo Planalto, mais especificamente pelos ministros da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e da Secretaria de Governo, general Santos Cruz. “Ele não vai poder oferecer mais do que pode, a partir de limites estabelecidos pelo Planalto.
Para o diretor de documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antonio Augusto de Queiroz, os parlamentares que formam a base, mas que não foram eleitos no rastro de Bolsonaro, devem ser observados com mais cuidado pelo Planalto. “O diálogo com esse pessoal tem de ser mais cuidadoso, caso contrário, o governo pode se atrapalhar.”
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