Em uma semana de funcionamento do Congresso, o PT percebeu que enfrentará uma situação ainda mais difícil que a esperada depois da vitória eleitoral de Jair Bolsonaro no ano passado. Para analistas e parlamentares experientes de outros partidos, a legenda terá de refazer sua estratégia se não quiser virar pó nas próximas eleições municipais, em 2020, e nacionais, em 2022. “O PT terá de se reinventar e repensar as lideranças e os discursos”, avisa Paulo Calmon, diretor do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (Ipol/UnB). “O partido ainda tem uma militância fiel, mas isso tende a minguar.”
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Esquema de corrupção sistêmica foi criado para manter PT no poder, diz juízaCondenação de Lula gera repercussão nas redes sociais de políticos pró e anti-PTSantos Cruz: 'quem é ativista de partido, como o PT, tem obrigação de se afastar'Bancadas da Bíblia e da bala ganham força na nova formação do CongressoNa eleição da mesa da Câmara, porém, o partido ficou sem qualquer assento. No Senado, teve de se contentar com a terceira suplência — na qual foi colocado de última hora, após discussão da bancada no plenário —, que ficou com o ex-governador da Bahia Jaques Wagner.
Segundo essa tradição, os partidos devem ter cargos na Mesa Diretora e nas comissões de acordo com o tamanho de suas bancadas. É um acordo de cavalheiros que não tem prevalecido, porém, no novo Congresso.
O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), se queixou no plenário, ontem, em tom ameno, que a proporcionalidade não estava sendo mantida. Depois, em entrevista, disse reconhecer que houve uma derrota, já que o partido havia apoiado para presidente da Casa o senador Renan Calheiros (MDB-AL), que perdeu para Davi Alcolumbre (DEM-AP) em uma derrota acachapante. Além de sair derrotada na disputa, a legenda foi contrária, por razões estratégicas, ao voto aberto, o que contraria a história da sigla, destaca Queiroz. “Em outro momento, o partido não votaria assim.”
A prova do poder dos partidos virá agora na distribuição das comissões nas duas casas do Congresso. Pelo critério da proporcionalidade, Costa disse que o PT ficaria com a de Relações Exteriores. Ele sabe que isso não vai ocorrer e espera ter, ao menos, a dos Direitos Humanos.
Para Queiroz, o PT não entendeu ainda o tamanho do problema. “O DEM virá com tudo, não terá pena”, alerta. O partido é também o do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ). Em 2010, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, hoje preso em Curitiba por corrupção, disse que era preciso “extirpar o DEM da política brasileira”. Muitos no DEM retribuem o desejo em relação ao PT, ainda que não abertamente.
Mesmo entre os partidos de esquerda, porém, o PT enfrenta dificuldades. Um parlamentar de uma legenda que tradicionalmente se aliou aos petistas afirma que a sigla de Lula não pode mais esperar que tome as decisões e os outros se enquadrem.
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