Jornal Estado de Minas

Coluna Baptista Chagas de Almeida


Institucional é não mexer com a igreja

A agroindústria de novo. E esta é a notícia de fato, não o esclarecimento, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, comandado pelo general Augusto Heleno. Ele confirma que “parte dos temas do referido evento trata de aspectos que afetam, de certa forma, a soberania nacional. Por isso, reiteramos o entendimento do GSI de que cabe ao Brasil cuidar da Amazônia brasileira”. Leia-se, se vai se entender, é com a bancada ruralista.

O GSI observa na nota que nesse movimento do governo “não há críticas genéricas à Igreja Católica” e afirma que “a Igreja Católica não é objeto de qualquer tipo de ação por parte da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) que, conforme a legislação vigente, acompanha cenários que possam comprometer a segurança da sociedade e do Estado brasileiro”.

Se tem Cesare Battisti como argumento, é mesmo grave a crise. Burrice pouca é a tradução simultânea da iniciativa que vem de dentro do Palácio do Planalto. Achar que o papa Francisco vai se meter nisso, esqueça! A finalidade de um sínodo é refletir com bispos do mundo afora, de maneira conjunta, sobre temas relevantes para o bem da Igreja e da humanidade. Existem dois tipos de sínodo, aqueles que têm caráter ordinário e os que podem ser convocados extraordinariamente.

O primeiro deles é realizado de maneira periódica. Já os extraordinários são convocados de maneira excepcional. Em ambos os casos, os sínodos acontecem, salvo pouquíssimas exceções, no próprio Vaticano.

Não há críticas genéricas à Igreja Católica. Existe a preocupação funcional do ministro de Estado chefe do Gabinete de Segurança Institucional, o general Augusto Heleno, com alguns pontos da pauta do sínodo sobre a Amazônia, que ocorrerá no Vaticano, em outubro deste ano. Enfim, se a informação vem do próprio Palácio do Planalto com a Abin no meio do caminho, o mais inteligente a fazer é mudar de assunto. Já basta.

Afinal, a cartilha em que o PT agora quer rezar deixa de lado o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), embora petistas mais reticentes ainda insistam no tal “Lula Livre”. Só que a ficha caiu, tanto que pretendem colocar em evidência o ex-adversário de Bolsonaro no segundo turno da eleição Fernando Haddad.

O PT inventou um nome pomposo para ele comandar, batizado de “núcleos de acompanhamento de políticas públicas”.
E ainda escolhem como alvo preferido o também ex-presidenciável que ficou em terceiro lugar Ciro Gomes (PDT), que já voltou às notícias e bem ao seu atilo agressivo.

Campo minado
Assim que a Câmara dos Deputados retomar, de fato, os trabalhos, Júlio Delgado (PSB-MG) pretende se dedicar a uma questão prioritária que faz todo sentido: “Ser rígido para impedir que haja impunidade em Mariana” em suas próprias palavras. E trata o tema como uma “bomba-relógio, um campo minado” que poderia ter sido evitado. Destaca ainda como exemplo as minas das verdadeiras guerras, responsáveis por mortes e mutilações mundo afora. Basta ver o que ocorre na África, para ficar em um só exemplo.

Nada felizes
Foram os primeiros atos do presidente do Senado, Davi Alcolumbre. “Foi em estado de consternação e tristeza que recebi a notícia da morte inesperada do jornalista Ricardo Boechat.” Ontem. “O presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (Democratas-AP), prestou solidariedade às vítimas do incêndio no Centro de Treinamento do Flamengo Ninho do Urubu, no Rio. Sexta-feira. E ainda dá para incluir também a reforma da Previdência, aquela que pretende deixar para mais tarde a aposentadoria dos brasileiros como prioridade.
Também semana passada.

Comprar briga?
EsTa é novidade. Até tentaram, só que não deu certo. Afinal, se estava batizada de “CPI da Lava Toga”, é óbvio que seria difícil emplacar. Bem, pode até ser, mas o fato é que o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) e a sua colega Katia Abreu (PDT-TO) retiraram as assinaturas. O senador Delegado Alessandro Vieira (PPS-SE) ainda pretende correr atrás de preencher as duas lacunas, mas o risco maior é outros senadores preferirem seguir o mesmo caminho do tucano e da pedetista. Afinal, no meio do caminho tem o STF, tem o Supremo Tribunal Federal no meio do caminho.

Votos de pesar
O senador Jorge Kajuru (PSB-GO) ao abrir ontem a sessão, anunciou ao plenário o falecimento do jornalista Ricardo Boechat no acidente do helicóptero e revelou ter falado com ele no domingo. Foi a deixa para os demais senadores se manifestarem pela ordem, como se diz no plenário: Paulo Paim (PT-RS), Alvaro Dias (Pode-RR), Telmário Mota (Pros-RR), Reguffe (sem partido-DF), a senadora Soraya Thronicke (PSL-MS) e ainda Izalci Lucas (PSDB-DF). Todos estavam no plenário. No Twitter tinha mais uma coleção de votos de pesar de uma coleção de outros senadores, mais da metade deles. E isso só até o início da noite.

O pênalti
Futebol e política não se misturam, mas tucano que é, o senador Antonio Anastasia (PSDB) diz que o governador Romeu Zema (Novo) foi “sábio ao escalar” tucanos em sua equipe de governo.
Já Zema não subiu no muro, muito antes pelo contrário. Depois do encontro, já sem a presença de Anastasia, anunciou a criação de um núcleo de combate à corrupção. Ao bater o pênalti, anunciou querer “deixar muito claro que no meu governo o acesso tem que ser total, não pode haver caixas-pretas”. Para bom entendedor, meio pênalti batido em direção ao gol basta.

PINGAFOGO

As notícias de ontem deixam uma lacuna no jornalismo com a morte do jornalista Ricardo Boechat, o tamanho da repercussão fala por si. Não tanto para os políticos, que ele não deixava em paz, muito antes pelo contrário. Sinceros, muitos políticos que lamentaram não foram.

Registrado já foi, mas vale ressaltar que o deputado Marcio Jerry (PCdoB-MA) não perdeu tempo. Ele quer convocar o general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), para explicar a “espionagem política” da Abin sobre a CNBB.

É a tal Comissão Geral, que é diferente de CPI, por exemplo. Se o requerimento for aprovado, o general Heleno terá de responder às perguntas que os deputados fizerem em plenário. Se ele se recusar, pode ser alvo de crime de responsabilidade.

O que mais dizer em um dia com as notícias praticamente monopolizadas com o acidente aéreo como o de ontem? O jeito é fazer apenas mais um registro final.

Se o presidente Jair Bolsonaro (PSL) almoçou ontem caldo de abobrinha com carne e biscoito no lugar de alimentação cremosa e água como estava antes, o jeito é ficar por aqui. Chega de “abobrinhas políticas” por hoje.

 

 

.